Meeting 2024: Solidão provocada pela tecnologia «é um problema enorme para a sociedade», a contrariar pela comunidade, afirma Carlos Moedas

Presidente da Câmara Municipal de Lisboa abriu iniciativa cultural, que decorre entre sábado e domingo, com o tema «Que quer dizer esta solidão imensa? E eu, o que sou?»

Lisboa, 23 nov 2024 (Ecclesia) – O presidente da Câmara Municipal de Lisboa alertou hoje, no Meeting Lisboa 2024, na Cantina Velha da cidade universitária, para a solidão causada pela tecnologia, defendendo que toda a sociedade deve lutar para combater problema.

“Eu acho que nós, se não travamos no mundo digital esta solidão, este isolamento, é um problema enorme para a sociedade e isso tem de ser uma luta muito grande de todos e essa luta faz parte de uma luta da comunidade, de estarmos juntos, de falarmos, de termos estas conversas e de nos abrirmos e de mostrar a nossa vulnerabilidade”, afirmou Carlos Moedas, na abertura da iniciativa.

“Que quer dizer esta solidão imensa? E eu, o que sou?” é o tema do Meeting Lisboa 2024, que apresenta, entre hoje e amanhã, cinco conferências, três exposições e dois momentos musicais.

Segundo o autarca, a tecnologia, com o mundo digital, está a causar “imensa solidão”, impactando a família: “Deslaçar que o mundo digital está a trazer à família é uma preocupação enorme”.

“Quando uma família está num restaurante e cada um está a olhar para o seu telemóvel, isso preocupa-me profundamente”, exemplificou.

Carlos Moedas entende que a exposição das vulnerabilidades de cada um vai tornar mundo “uma grande fortaleza”.

“Acho que nos falta um bocadinho também não ter medo de mostrar as nossas vulnerabilidades e as nossas dificuldades, porque isso nos une. O que não nos une é estarmos num mundo digital em que todos são espetaculares, em que a vida de todos é linda”, salientou.

Na intervenção, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa apontou ainda que, hoje, o problema da política está relacionado no foco estar ou “no Estado”, que “significa poder”, ou no mercado, isto é, a “concorrência”, “os bens materiais”.

“Isso foi de certa forma tornando uma sociedade que torna as pessoas muito ligadas ao poder do Estado ou então ao poder do mercado que tem a ver com a criação de riqueza e não ligadas àquilo que é a sociedade e a capacidade da sociedade de nos tornar melhores”, salientou.

Para Carlos Moedas, a política deveria reforçar os laços da sociedade que “se foram perdendo”, porque “se foi concentrando apenas no poder ou na criação de riqueza”.

“A sociedade é a cooperação e, portanto, a cooperação entre nós, a cooperação entre as pessoas é o que faz o crescer desses bens sociais e eu acho que isso é aquilo que me que no fundo me faz estar na política”, indicou.

No final da intervenção, o autarca referiu que, através da religiões e da fé, “a sociedade será sempre mais forte”.

“Um Estado laico é aquele que ajuda as religiões e não aquele que se afasta das religiões ou que tem medo e que se quer separar tanto”, sublinhou.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa ressaltou a importância do diálogo inter-religioso, porque sem ele “o mundo pode tornar-se mesmo muito perigoso”.

O tema deste ano do Meeting Lisboa 2024 foi dedicado à solidão que, segundo Catarina Almeida, coordenadora-executiva da iniciativa, não é necessariamente física e “tantas vezes é uma experiência transversal”.

Para além da conferência de abertura, que consistiu num diálogo entre o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a assessora de política Madalena Lage, e o advogado António Pinheiro, sobre “Na Política… E eu, o que sou?”, estão previstos para este sábado a apresentação do livro “A Minha História” (12h) e mais duas conferências “Takashi e Mdori Nagai: O caminho rumo àquilo que nunca morre” e “Que Quer dizer esta solidão imensa? E eu, o que sou”, pelo padre Mauro Giuseppe Lepori, abade geral da Ordem Cisterciense.

No domingo, depois da Eucaristia, seguem-se os dois espaços sobre “As consequências antropológicas da inteligência artificial” e “Cá dentro Inquietação”, os Cantos de intervenção e o grito de mudança.

Durante os dois dias, os participantes podem visitar três exposições, sendo uma delas “Heróis pela vida”, que mostra a história de sete vidas plenas de beleza e sentido, refere a organização.

Por sua vez, “Takashi e Midori Nagai: O caminho rumo àquilo que nuca morre” fala sobre o médico em Nagasaki (Japão), antes e depois da tragédia da bomba atómica, que devastou precisamente a parte da cidade com uma história de 400 anos de Cristianismo, rica na fé de santos e mártires.

Por último, “Carlo Acutis: Da informática ao paraíso”, que nasceu em Londres, onde os seus pais estavam a trabalhar, e faleceu na cidade de Monza (Itália), aos 15 anos de idade, vítima de leucemia, tendo sido apresentado desde logo como modelo de santidade e um “génio” da informática”.

O beato vai ser canonizado na celebração do Jubileu dos Adolescentes, que decorre de 25 a 27 de abril, no próximo Ano Santo de 2025.

Foto: Agência ECCLESIA/LJ, Catarina Almeida, coordenadora-executiva do Meeting Lisboa

Catarina Almeida espera que os participantes do Meeting Lisboa 2024 encontrassem um lugar onde todas as perguntas “podem ser vividas e a solidão não deixa de existir, mas passa a ser habitável”.

“A mensagem que eu gostava que as pessoas levassem para casa é uma companhia que na segunda-feira se pode voltar a encontrar e não é um encontro que fazemos uma vez por ano e que toda esta experiência que contamos está viva ao longo do ano”, concluiu, em declarações à Agência Ecclesia.

O Meeting Lisboa é uma iniciativa cultural que nasceu em 2012 com o desejo de descobrir o que há de bom, de belo e de verdadeiro na vida, procurando entrar em diálogo com todas as pessoas.

LJ

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