Madeira: Bispo do Funchal convida fiéis a identificar-se com a cruz de Jesus, na abertura do Ano Pastoral

D. Nuno Brás presidiu à Missa, na Igreja da Sé, no início do Ano Pastoral 2024/2025, cujo tema é «Precisamos de Transbordar de Esperança»

Funchal, Madeira, 23 set 2024 (Ecclesia) – O bispo do Funchal convidou este domingo os fiéis a identificarem-se com a cruz de Jesus, na solene Eucaristia de abertura do Ano Pastoral 2024/2025, na Igreja da Sé, naquela cidade, na Madeira.

“Também nós, apesar de já termos escutado a proclamação da vitória da vida sobre a morte, jamais atingiremos aquela compreensão sem antes nos identificarmos vitalmente com a cruz de Jesus. Ou seja: sem nos identificarmos com o abandono à vontade do Pai; com o serviço aos irmãos até ao fim; com a entrega da própria vida”, afirmou D. Nuno Brás, na homilia, informa o Jornal da Madeira.

O bispo diocesano aludia ao Evangelho que diz que os discípulos não compreendiam as palavras de Jesus, quando lhes disse que o Filho do homem iria ser “entregue às mãos dos homens”, que O matariam, mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitaria.

“Não compreenderam [as palavras] naquele momento nem as compreenderam na manhã de Páscoa porque ainda não tinham a ‘sabedoria da cruz’, como dirá S. Paulo”, assinalou o bispo.

Segundo D. Nuno Brás, “apenas aquele que se deixa identificar com Jesus na cruz é capaz de olhar com esperança para a sua própria vida e para a vida do mundo”.

O bispo diocesano assinala que “o ser humano sonha sempre um mundo melhor”, no entanto “a esperança não é um desejo ou um sonho: é a certeza de uma vida (a Vida Eterna), que apenas Deus nos pode oferecer porque consiste na própria vida divina”.

“É por isso que pouco nos importa que, a nós cristãos, discípulos de Jesus, nos tomem por fracos, tolos ou incapazes só porque não vivemos de acordo com o mundo e os seus critérios; só porque propomos um caminho alternativo às riquezas, à fama, ao poder”, destacou.

“Sim: queremos e dispomo-nos a viver de um modo diferente. De um modo radicalmente diferente, porque Deus nos dá a certeza da ressurreição, da Vida Eterna. E Deus não desilude, não é infiel; sempre cumpre as suas promessas”, acrescentou D. Nuno Brás.

Foto: Jornal da Madeira/Duarte Gomes

A Páscoa de Jesus imprime nos corações dos fiéis, de acordo com D. Nuno Brás, “uma novidade radical” que cada um procura, “em cada dia, viver sempre vez melhor”.

“Por isso, devemos tomar consciência de que a esperança cristã não é apenas algo dirigido para um futuro que ainda não existe. A esperança cristã é algo para ser vivido e para transformar o presente, a história, a nossa vida concreta”, salientou.

“Precisamos de transbordar de Esperança” é o tema do Ano Pastoral 2024/2025 na Diocese do Funchal, centrado no Jubileu 2025, que assinala o 2025 anos do nascimento de Jesus.

“Nele somos convidados pelo Papa Francisco a ‘transbordar de esperança’ – de esperança cristã, que de sonhos, promessas e ideais humanos já estamos desenganados”, mencionou.

D. Nuno Brás garante que ao longo do ano pastoral, nas muitas atividades propostas, não se vai deixar de testemunhar a “’sabedoria da cruz’, a única capaz de oferecer verdadeira esperança à humanidade (cf. Gal 6,14)”.

“Este é um caminho que não queremos apenas percorrer individualmente, mas que nos propomos realizar também como Igreja Diocesana, povo que caminha nestas Ilhas atlânticas”, sublinhou.

O bispo do Funchal fez referência aos acontecimentos do mundo, em casa ou em terras distantes, que quase convidam a desesperar.

“Querem matar-nos a esperança. Mas nós, cristãos, não podemos deixar de anunciar a Pessoa de Jesus, morto e ressuscitado. E, com Ele, a fonte de autêntica vida eterna, a verdadeira fonte da esperança”, pediu.

No final da homilia, D. Nuno Brás dirigiu-se a Marcos Rebelo, instituído acólito na celebração, manifestando o desejo que “o serviço ao altar” faça crescer no jovem “a disponibilidade para o serviço a todos e ao próprio Deus”.

“Sê, também tu, um constante anunciador da esperança — aquela virtude que nos permite erguer a cabeça, viver e ultrapassar (mesmo amar) todas as derrotas e sofrimentos porque em nós habita a certeza da ressurreição e da vida eterna”, referiu.

Na conclusão da Eucaristia, concelebrada pela maioria dos membros do cabido, por sacerdotes diocesanos e não só, o bispo voltou a agradecer a todos os secretariados, movimentos e confrarias, algumas das quais com os seus estandartes, pela presença na cerimónia, bem como ao coro que ajudou a solenizar o momento.

LJ/OC

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