Lisboa: Constituição Sinodal propõe Igreja mais virada para «fora»

Documento conclusivo aponta sete opções de renovação das comunidades católicas no Patriarcado

Lisboa, 08 dez 2016 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa assinou e apresentou hoje a Constituição Sinodal, que encerra a assembleia consultiva convocada em 2014, na qual se insiste em “virar as comunidades mais para fora”.

D. Manuel Clemente disse aos jornalistas, no final da Missa a que presidiu nos Mosteiro dos Jerónimos, que é preciso “estar mais presente”, sobretudo “onde dói”.

O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa deu como exemplos os problemas ligados ao desemprego e falta de perspetivas para os jovens, idosos e reformados, os doentes; a reinserção dos presos; ou o acolhimentodos refugiados e migrantes.

“Tudo isto são fronteiras em que, passe o termo, quem é cristão, cristã, está lá”, precisou.

O cardeal-patriarca recordou que a Constituição Sinodal “resume os trabalhos” levados a cabo nos últimos dois anos e meio, a partir da reflexão de “muitos grupos” sobre a exortação ‘A Alegria do Evangelho’, do Papa Francisco.

“As comunidades cristãs, todas as nossas comunidades, que não se reúnam só para dentro, reúnam-se para fora”, defendeu.

A “enorme realidade” do Patriarcado de Lisboa, com dois milhões e meio de pessoas, exige o anúncio de fé de todos os católicos nos maios diversos meios, bem como a reflexão sobre o que deve ser melhorado, ponto de partida para uma mudança efetiva.

“Foi bom até aqui, a partir daqui tem de ser melhor”, observou D. Manuel Clemente.

A Constituição Sinodal, com cerca de 40 páginas, convida os católicos do Patriarcado de Lisboa a “sair com Cristo ao encontro de todas as periferias sociais e geográficas”, com uma “opção preferencial pelos pobres e uma proximidade aos excluídos em ordem à promoção da sua dignidade, nos seus diversos níveis”.

As propostas de caminhos de “renovação eclesial” têm como base em sete “opções” centrais: santidade, missão, comunidade, iniciação cristã, família, vocação, sinodalidade.

O documento elenca também oito critérios de “discernimento e ação eclesial”, entre os quais o da “inclusão”, especialmente dos que “vivem nas mais diversas periferias existenciais e geográficas, procurando que sintam a comunidade cristã como a sua casa.

Os desafios da atual realidade social e eclesial requerem uma especial disponibilidade para acompanhar pessoas e situações”, acrescenta o texto assinado por D. Manuel Clemente.

O cardeal-patriarca recorda a “relevância” que as famílias têm para a Igreja e para a sociedade, propondo que as ações pastorais tenham em vista a “complexidade da realidade familiar nas suas diferentes expressões e etapas”.

Partindo da preocupação de “não deixar as coisas como estão”, manifestada pela exortação ‘a Alegria do Evangelho’, do Papa Francisco, que inspirou este percurso sinodal, D. Manuel Clemente reflete sobre a importância de valorizar novas formas de questionamento e busca espiritual, promover a leitura e estudo da Bíblia, dinamizar a “pastoral do acolhimento” e incluir plenamente as pessoas, entre outras preocupações.

A Constituição Sinodal propõe maior atenção à vida litúrgica e de oração, bem como à preparação para os sacramentos.

A Igreja Católica em Lisboa é desafiada a “comunicar de forma compreensível e adotar novas linguagens”, para além de “suscitar uma cultura missionária e vocacional”.

O texto conclui-se com a proposta de estabelecer “modos e tempos” de avaliação do caminho sinodal, a nível diocesano e paroquial.

OC

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