Lisboa: «A santidade não te torna menos humano» – D. Rui Valério

D. Rui Valério presidiu à Missa, na Igreja de São Domingos, na Baixa de Lisboa, na noite anterior à solenidade litúrgica de Todos os Santos, onde se encontrou com centenas de jovens 

Foto: Rede Campos de Férias Católicos

Lisboa, 02 nov 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa presidiu esta quinta-feira à Missa na ‘Noite de todos os campos’, na Igreja de São Domingos, na Baixa de Lisboa, afirmando que a santidade não torna alguém menos humano.

“A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça. No fundo, como dizia León Bloy, na vida ‘existe apenas uma tristeza: a de não ser santo’”, disse D. Rui Valério, na homilia, informa o Patriarcado de Lisboa.

Antes, o patriarca recordou as palavras do Papa Francisco, fazendo depois o convite à santidade: “Somos convidados a subir ao Monte como Jesus, como nos exorta o Papa: ‘Não tenhas medo de apontar para mais alto, de te deixares amar e libertar por Deus. Não tenhas medo de te deixares guiar pelo Espírito Santo’”.

Perante a Igreja de São Domingos, repleta de centenas de jovens, D. Rui Valério, referiu que “a bem-aventurança celebra a nova alegria da vida renovada em Cristo Ressuscitado”, e, por isso, “é celebração da santidade”.

“A ninguém vem atribuída uma bem-aventurança pelo que tem ou por ter feito alguma coisa, mas pelo que recebeu, por um dom recebido”, sublinhou.

D. Rui Valério assinalou que “a santidade começa sempre com o convite evangélico: «Vai e vende tudo o que tens»”.

“Sem esta avaliação preliminar do valor dos bens deste mundo não há liberdade, sabedoria e uma verdadeira experiência de fé. Começamos a procurar Deus quando nos distanciamos dos pequenos e feios senhores do presente; quando se deixa de olhar para as riquezas da terra, então tornamo-nos capazes de erguer os olhos para o céu. Não se entra no reino de Deus com uma mochila”, garantiu.

O patriarca de Lisboa destacou que “importante no caminho para a santidade é o amor pela pessoa de Cristo”, acrescentando que “não há tempo sem ‘mestres’”.

“O homem não se basta em si mesmo, precisa ‘seguir’ alguém, mas ‘o melhor mestre é Jesus’. O terceiro fator comum aos santos é amar e servir a Cristo nos irmãos. Ele está presente nos irmãos e especialmente nos pobres. Amamos Jesus amando uns aos outros”, salientou.

Na celebração organizada pela Rede Campos de Férias Católicos, que se iniciou às 22h, D. Rui Valério deixou o ambão e falou mais perto dos jovens, terminando a homilia defendendo que “a santidade é o que mantém o mundo de pé”.

“[Santidade é] o lubrificante de um mecanismo espetacular” e é “a força restauradora diante das forças demolidoras”, indicou.

Segundo o patriarca de Lisboa, “a santidade não é uma conotação moral, mas o fruto da graça de Deus na pessoa humana e na Igreja. O santo é a obra-prima de Deus, a catedral de Deus. O Evangelho é fermento. Santidade é anormalidade”.

“Há uma irracionalidade assustadora na santidade. Quem raciocina, no sentido estrito da palavra, nunca se tornará santo; mas sim um pedante, um incómodo. Os santos são obras-primas da graça de Deus”, declarou.

Depois da Missa, a ‘Noite de todos os campos’ prosseguiu com um tempo de adoração do Santíssimo Sacramento, até 2h00 da manhã, terminando com uma ceia e momentos de convívio entre os jovens.

A Igreja Católica celebrou no dia 1 de novembro a solenidade litúrgica de Todos os Santos, data adotada em primeiro lugar na Inglaterra do século VIII acabando por se generalizar progressivamente no império de Carlos Magno, tornando-se obrigatória no reino dos Francos no tempo de Luís, o Pio (835), provavelmente a pedido do Papa Gregório IV (790-844).

Hoje tem lugar a ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’, que remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.

LJ

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