Jubileu: Celebração desafia a «gestos concretos de perdão e partilha» e «não apenas a uma salvação individual»

Padre Amaro Gonçalo apresenta «Glossário para a celebração do Jubileu 2025», preparado pela Equipa de Apoio à Coordenação Pastoral, com o objetivo de aproximar as pessoas da festa do Ano Santo

Foto: Vatican Media

Porto, 20 dez 2024 (Ecclesia) – O padre Amaro Gonçalo apela a uma vivência do Jubileu não apenas como “uma salvação individual” mas com gestos concretos de partilha e perdão “com repercussão social, económica, no campo da justiça social, da procura do bem comum”.

“O Papa também coloca como objetivo do jubileu esta consciência ecológica, esta conversão ecológica, que está muito ligada à ideia de uma tentativa de reposição da ordem, da igualdade, da justiça. Isto hoje reporta-nos também a tantas formas de exploração laboral, de exploração dos imigrantes”, exemplifica à Agência ECCLESIA.

O Secretário da Equipa de Apoio à Coordenação da Pastoral da diocese do Porto explica que a história da celebração do Jubileu indica um tempo em que a justiça é reposta, o “respeito pelos ritmos da natureza, onde a necessidade do equilíbrio da relação do homem com o planeta” era colocada no centro.

Conferindo uma “inspiração ecológica, antropológica, sociológica, económica” à celebração, o pároco das comunidades de Senhora da Hora e Guifões, em Matosinhos, apela às comunidades para que não vivam o Jubileu como “uma salvação individual” mas com gestos concretos de partilha, de “perdão”, com repercussões sociais, económicas, “no campo da justiça social e da procura do bem comum”.

O Papa Francisco convocou a Igreja católica para a celebração do Jubileu no Ano santo de 2025, centrado no tema «Peregrinos de Esperança».

O padre Amaro Gonçalo lamenta o desconhecimento em torno da celebração, também o facto de a preparação ter sido “curta, envolvida em convites que dispersaram e assinala a importância de traduzir a celebração para as pessoas.

“Num encontro com um grupo de associações, movimentos e obras da Diocese, os leigos disseram que a palavra Jubileu não lhe evocava nada de especial, não compreendiam o que é isso de celebrar um Jubileu. Eu, que recordava a preparação de três anos, com o Papa João Paulo II, para o Jubileu de 2000, achei estranho. Sinto que a preparação para este Jubileu, do ponto de vista pastoral, foi muito pobre”, lamenta.

Numa dimensão “mais celebrativa”, e com uma “preparação mais em cima da hora”, o padre Amaro Gonçalo considera importante que se explique, contextualize e, desta forma, se aproxime a celebração das pessoas.

A diocese do Porto preparou um «Glossário para a celebração do Jubileu 2025», preparado pela Equipa de Apoio à Coordenação Pastoral onde contextualiza o Jubileu na Bíblia, na história da Igreja, apresenta o lema e a imagem escolhida para a celebração durante o Ano Santo e apresenta “sinais” que aproximam as pessoas da celebração – a peregrinação, a porta santa, o sacramento da reconciliação, a indulgência, as celebrações litúrgicas, por exemplo.

“O Jubileu é um tempo de graça, um ano especial e uma oportunidade para uma vivência singular, olhando o mundo. “O Papa foi muito feliz na temática que escolheu para este Jubileu. Estamos numa fase muito difícil, num contexto internacional muito complexo, com guerras e modos de fazer guerra que nós julgávamos fazer parte dos manuais da história, e nós sentimos necessidade de uma esperança que não nos defraude, de pormos a confiança não numa ilusão ou numa estimativa mais ou menos otimista do futuro, mas uma esperança que seja confiança na presença de Deus, seja qual for o curso da nossa história”, indica.

A celebração ao longo do ano vai chamar ao Vaticano diferentes grupos para que a festa se estenda a todos, a cada semana, e “todos sejam tocados pela graça deste tempo” e seja visto como um sinal de “comunhão com toda a Igreja”.

O padre Amaro indica que os sinais relacionados com o Jubileu, como a ‘Porta Santa’ convida a “encontrar a simbologia de abrir as portas” na vida pessoal e da Igreja.

“O Papa fala muito de uma Igreja de portas abertas. Portas abertas para entrar e portas abertas para sair, porque às vezes também as portas estão fechadas da parte de dentro; às vezes quem quer entrar do lado de fora não consegue, mas também alguns fecham-se do lado de dentro e não saem para fora. Como diz o Papa, às vezes nosso Senhor está dentro, a querer sair e nós não o estamos a deixar”, indica.

A conversa com o padre Amaro Gonçalo está no centro do programa Ecclesia emitido este sábado na Antena 1, pelas 6h.

LS

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