Jubileu 2025: Papa propõe amnistia para presos e vai abrir porta santa numa cadeia

Bula de proclamação deixa mensagens a doentes, migrantes, pobres, jovens e idosos

Papa Francisco em visita a prisão, EUA.
Foto: Vatican Media/OR

Cidade do Vaticano, 09 mai 2024 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje, na bula de proclamação do Jubileu 2025, a uma amnistia para os presos, como sinal de “esperança”, e anunciou que abrir uma porta santa numa cadeia.

“Proponho aos governos que, no Ano Jubilar, tomem iniciativas que restituam esperança aos presos: formas de amnistia ou de perdão da pena, que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade; percursos de reinserção na comunidade, aos quais corresponda um compromisso concreto de cumprir as leis”, escreve Francisco.

O texto, intitulado ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude), anuncia solenemente o início e fim das celebrações do próximo Ano Santo, entre 28 de dezembro de 2024 e 6 de janeiro de 2026, naquele que será o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja.

O Papa alerta para o “vazio afetivo” em que vivem muitos reclusos e pede que os responsáveis católicos unam a sua voz para pedir “condições dignas” para quem está preso, “respeito pelos direitos humanos e sobretudo a abolição da pena de morte, uma medida inadmissível para a fé cristã”.

A fim de oferecer aos presos um sinal concreto de proximidade, eu mesmo desejo abrir uma porta santa numa prisão, para que seja para eles um símbolo que os convida a olhar o futuro com esperança e renovado compromisso de vida”.

A bula papal deixa uma mensagem particular aos doentes e aos profissionais de saúde, considerando que o cuidado com quem sofre “é um hino à dignidade humana, um canto de esperança que exige a sincronização de toda a sociedade”.

Francisco dirige-se aos jovens, que enfrentam um futuro “incerto”, pedindo que rejeitem “a ilusão das drogas, o risco da transgressão e a busca do efémero”.

“Que o Jubileu seja, na Igreja, ocasião para um impulso em seu favor: com renovada paixão, cuidemos dos adolescentes, dos estudantes, dos namorados, das gerações jovens! Mantenhamo-nos próximo dos jovens, alegria e esperança da Igreja e do mundo”, apela.

O Papa alerta ainda para os “preconceitos e isolamentos” que afetam migrantes, exilados, deslocados e refugiados, desejando que cada comunidade cristã esteja “sempre pronta a defender os direitos dos mais fracos”.

Sinais de esperança merecem-nos os idosos, que muitas vezes experimentam a solidão e o sentimento de abandono. Valorizar o tesouro que eles são, a sua experiência de vida, a sabedoria que trazem consigo e o contributo que podem dar, é um empenho da comunidade cristã e da sociedade civil, chamadas a trabalhar em conjunto em prol da aliança entre as gerações”.

O documento que convoca o Jubileu 2025 deixa uma referência especial aos “milhares de milhões de pobres, a quem muitas vezes falta o necessário para viver”.

“Não podemos desviar o olhar de situações tão dramáticas, que se veem já por todo o lado, e não apenas em certas zonas do mundo”, escreve o pontífice.

Com a apresentação da Bula, que decorreu esta tarde na Basílica de São Pedro, Francisco anunciou oficialmente o Jubileu Ordinário de 2025.

O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro ano santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.

OC

Francisco pede que o próximo Ano Santo promova uma “aliança social em prol da esperança, que seja inclusiva e não ideológica”, e trabalhe em favor da abertura à vida, com “uma maternidade e uma paternidade responsáveis”.

“Por causa dos ritmos frenéticos da vida, dos receios face ao futuro, da falta de garantias laborais e de adequada proteção social, de modelos sociais ditados mais pela procura do lucro do que pelo cuidado das relações humanas, assiste-se em vários países a uma preocupante queda da natalidade”, adverte.

O Papa espera que se construa um “futuro marcado pelo sorriso de tantos meninos e meninas que, em muitas partes do mundo, venham encher os demasiados berços vazios”.

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