JMJ Lisboa: Sementes «germinam» e «escuta» faz encontrar lugar dos jovens na Igreja – Maria Beatriz Viana

«Encontro de paz e fraternidade» é recordado por jovem de 26 anos que reconhece desafios de linguagem e formação para aproximar mundo juvenil e eclesial

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa 24 jul 2024 (Ecclesia) – Maria Beatriz Viana diz que a “Igreja sinodal é a Igreja que escuta” e que é dessa forma que os jovens vão sentir que a sua linguagem é entendida nas comunidades.

Um ano depois da realização da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, a jovem de 26 anos, responsável na paróquia da Parede, na vigararia de Cascais, afirma que se anda à procura das “sementes cultivadas” em agosto de 2023 sem se entender que “algumas crescem ainda debaixo da terra”.

“Não há de ser igual para todos, mas pela escuta e quando os jovens sentirem que têm lugar para dizer o que sentem e o que é que precisam, o que é que esperam, o caminho vai descobrir-se. Sinto que há muitas pessoas que ainda não conseguiram descobrir o seu caminho”, sublinha à Agência ECCLESIA.

O encontro que há um ano acolheu jovens de todo o mundo, em Lisboa, mostrou que “a paz é possível e que o mundo pode caminhar todo para a fraternidade e para a paz”.

“Na divulgação, na vigararia de Cascais, dizíamos muito aos jovens que se mostravam zangados com a Igreja ou que participavam contrariados nas atividades paroquiais que se tratava de um encontro de jovens com jovens, para promover uma fraternidade futura, para promover os líderes do futuro e eles mudavam a sua vontade de participação”, recorda.

A jovem, formada em comunicação e a trabalhar numa editora, foca a importância de se perceber que as dificuldades que se atravessam – das guerras, alterações climáticas, desemprego, incógnita perante o futuro – são problemas partilhados e que também o compromisso eclesial juvenil é transversal.

Beatriz Viana reconhece que o pedido de “formação” que se escuta em tantos encontros e contextos mostra a disponibilidade dos jovens em participar e que os percursos “catequéticos” de iniciação cristã “não acompanham hoje a realidade”.

“Eu acho que não estão a acompanhar os dias de hoje. Os jovens já estão à frente e sinto que falta uma linguagem que lhes seja mais próxima, que os acompanhe, que fale mais daquilo que eles pensam e pelo qual passam nas suas vidas”, indica.

Beatriz recorda que nem todos procuram o mesmo, “que não tem de ser tudo igual em todas as paróquias” mas importa “escutar”, “mostrar o que se faz”, que as “comunidades vizinhas reconheçam o que se faz”.

Na Vigararia de Cascais, os jovens não quiserem deixar “morrer” o entusiasmo que a participação na JMJ desencadeou e transformaram o «todos, todos, todos» do Papa Francisco no projeto «Todos ao cubo» que propõe atividades e é uma ponte de divulgação nas redes sociais.

Em Maio, a jovem de 26 anos participou no Congresso Internacional de Pastoral Juvenil, no Vaticano, e saiu daqueles dias com o desafio de “continuar a caminhar”.

“Eu acho que o que se propôs aos jovens do mundo inteiro foi que continuassem a caminhar com as pessoas, a acompanhar os jovens, com os jovens, a escutá-los e a perceber o que é que eles querem, para onde é que querem ir, o que é que precisam”, focando no “acompanhamento, escuta, formação”.

Reconhecendo “dificuldade em que os jovens sentiam que a Igreja não é um hobby”, Beatriz Viana fala no nome, na realidade de cada um que deve ser reconhecida e valorizada.

“Recordo com um especial carinho, um dia em que, no grupo paroquial, pedimos a um jovem que escolhesse um tema sobre o qual quisesse falar no grupo e ele sugeriu os abusos na Igreja, dizendo que queria muito ouvir os jovens sobre esta questão. São temas que inquietam os jovens da atualidade, que eles querem ver resolvidos e falar sobre isto para se sentirem seguros”, conta.

“A Igreja sinodal é a Igreja que se escuta e portanto, a seguir a uma jornada, o que é que nós temos de fazer? Escutar os jovens, perceber que linguagem é que os jovens falam e perceber onde é que a Igreja se pode posicionar relativamente a essa linguagem, onde é que pode dizer sim, onde é que pode dizer não, e está tudo bem. Não é expectável que façamos todos o mesmo, mas é expectável que a Igreja tenha espaço para escutar todos”, valoriza.

A conversa com Beatriz Viana pode ser acompanhada esta noite no programa ECCLESIA na Antena 1, disponibilizado no portal de informação e no podcast «Alarga a tua tenda».

LS

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