JMJ 2024: Papa pede aos jovens que passem «de turistas a peregrinos» em «tempos marcados por situações dramáticas»

Vaticano publicou mensagem de Francisco para a Jornada Mundial da Juventude 2024, que se assinala no dia 24 de novembro, com convite a participar no Jubileu

Foto JMJ Lisboa 2023/

Cidade do Vaticano, 17 set 2024 (Ecclesia) – O Papa afirma na mensagem para a XXXIX Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que os jovens devem partir não como “meros turistas”, mas “como peregrinos”, apesar das “situações dramáticas” que “impedem de olhar para o futuro com espírito sereno”.

“Nós vivemos hoje tempos marcados por situações dramáticas que geram desespero e nos impedem de olhar para o futuro com espírito sereno: a tragédia da guerra, as injustiças sociais, as desigualdades, a fome, a exploração do ser humano e da criação”, assinalou Francisco, na mensagem divulgada esta terça-feira pelo Vaticano.

Segundo o Papa, muitas vezes, “quem paga o preço mais alto” sãos os jovens, que sentem “a incerteza do futuro” e não veem perspetivas seguras para os seus sonhos, “correndo assim o risco de viver sem esperança, prisioneiros do tédio e da melancolia, por vezes arrastados para a ilusão da transgressão e das realidades destrutivas”.

Foto: JMJ Lisboa 2023

A XXXIX (39.ª) Jornada Mundial da Juventude (2024) vai ser celebrada nas Igrejas particulares, nas dioceses, no dia 24 de novembro, o Papa escolheu como tema a citação bíblica ‘Aqueles que esperam no Senhor caminham sem se cansar’, do livro do profeta Isaías (cf. Is 40, 31).

Francisco reflete com os jovens do mundo inteiro sobre “o caminhar e o cansaço”, salientando que a vida é uma peregrinação, “uma jornada que empurra para além” de si próprio, “um caminho em busca da felicidade”, indicando que a vida cristã, em particular, é uma peregrinação em direção a Deus, “à salvação e à plenitude de todo o bem”.

“As realizações, as conquistas e os sucessos do caminho, se forem apenas materiais, depois de um primeiro momento de satisfação, deixam-nos ainda com fome, desejosos de um sentido mais profundo; em verdade, não satisfazem completamente a nossa alma, porque fomos criados por Aquele que é infinito, e, por isso, em nós habita o desejo de transcendência, a inquietação contínua para a realização de aspirações maiores”, desenvolve o Papa, salientando, como já disse tantas vezes, que “’olhar a vida da varanda’ não é suficiente” para os jovens.

“Prefiro o cansaço dos que estão a caminho do que o tédio dos que estão parados e não têm vontade de andar!”

O Papa observa que é normal que, apesar de começarem as jornadas com entusiasmo, mais cedo ou mais tarde comecem “a sentir cansaço”, em alguns casos o que “provoca ansiedade e cansaço interior são as pressões sociais” para atingir determinados padrões de sucesso nos estudos, no trabalho e na vida pessoal, o que produz tristeza.

Foto Lusa/António Pedro Santos

“A solução para o cansaço, paradoxalmente, não é ficar parado para descansar. É, pelo contrário, pôr-se a caminho e tornar-se peregrino da esperança. Este é o convite que vos faço: caminhai na esperança! A esperança vence todo o cansaço, toda a crise e toda a ansiedade, dando-nos uma forte motivação para avançar, porque é um dom que recebemos do próprio Deus”, acrescentou.

Francisco pede que aprendam “a descansar como Jesus e em Jesus”, nos inevitáveis momentos de cansaço da peregrinação neste mundo, que recomendou também aos discípulos “que repousem depois de regressarem da sua missão”, reconhece a necessidade do “repouso do corpo, tempo para o lazer, gozar a companhia dos amigos, para o desporto e até para o sono”.

Na terceira parte da mensagem para a 39.ª JMJ, que vai ser celebrada nas dioceses, o Papa convida os jovens que se coloquem “a caminho, para descobrir a vida, nas pegadas do amor, em busca do rosto de Deus” e recomenda que passem de “turistas a peregrinos”.

Queridos jovens, o convite que vos faço é para que vos coloqueis a caminho, para descobrir a vida, nas pegadas do amor, em busca do rosto de Deus. Mas o que vos recomendo é o seguinte: não partam como meros turistas, mas como peregrinos”.

“Que a vossa caminhada não seja apenas uma passagem pelos lugares da vida de forma superficial, sem captar a beleza do que encontrais, sem descobrir o sentido dos caminhos percorridos, captando só breves momentos, experiências fugazes registadas numa selfie. O turista faz isso. O peregrino, pelo contrário, mergulha de alma e coração nos lugares que encontra, fá-los falar, torna-os parte da sua busca de felicidade. A peregrinação jubilar quer, portanto, tornar-se o sinal do caminho interior que todos somos chamados a fazer para chegar ao destino final”, afirmou.

Francisco começa a mensagem a contextualizar que no ano passado, em 2023, a Igreja começou “o caminho da esperança rumo ao Grande Jubileu”, e espera que “para muitos seja possível” irem a Roma em peregrinação, “para atravessar as Portas Santas”, referindo que, em todo o caso, haverá a possibilidade de fazer esta peregrinação “também nas Igrejas particulares”.

CB/PR

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