Israel/Palestina: Responsável mundial dos Focolares diz que experiência sinodal pode inspirar «pontes de paz»

Margaret Karram pede intervenção internacional, para superar divisões e promover «reconciliação»

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 12 out 2023 (Ecclesia) – Margaret Karram, responsável mundial do Movimento dos Focolares, disse hoje no Vaticano que a experiência vivida no Sínodo pode inspirar “pontes de paz” na sociedade.

“Se conseguirmos que este estilo de vida se torne mais do que uma metodologia e o conseguirmos aos âmbitos sociais, político, para escutar o outro com respeito, para lá das diferenças, isto poderia ajudar-nos, mesmo nos mais altos níveis, a construir pontes de paz”, referiu aos jornalistas a participante na XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos.

A responsável, de origem palestina e nascida na cidade israelita de Haifa, manifestou “profunda dor” pela guerra na Terra Santa.

“É preciso respeitar os direitos humanos de todos os povos e promover a reconciliação, entre todos”, declarou Margaret Karram.

A responsável destacou a importância do momento de oração pela paz, que se viveu no Sínodo, com representantes de todos os continentes.

Para a líder dos Focolares, o conflito que exige uma intervenção motivada “pela causa da paz” e não por interesses particulares.

“É precisa a ajuda internacional, de todo o mundo, que possa dar voz e promover o regresso às negociações, das duas partes”, apelou.

A partir da sua experiência pessoal, Margaret Karram convidou a valorizar o esforço de todos os que estão a trabalhar para “construir pontes”.

“Fala-se apenas do ódio, das divisões e do terrorismo, construindo uma imagem das pessoas que não é uma imagem verdadeira”, lamentou.

O cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, em nome dos bispos da Terra Santa, convidou as paróquias e comunidades religiosas para “um dia de jejum e oração pela paz e reconciliação”, a 17 de outubro.

Os participantes no Sínodo celebram hoje uma peregrinação, até às catacumbas de São Sebastião, que se julga terem acolhido as relíquias de São Pedro e São Paulo, passando pelas catacumbas de São Calisto e Santa Domitila, com a intenção da paz.

A oração desta manhã, antes do inícios dos trabalhos, foi conduzida pelo cardeal Louis Raphael Sako, patriarca iraquiano, e pela presidente dos Focolares.

“Senhor, nós te pedimos pela Terra Santa, pelos povos de Israel e da Palestina que estão sob o domínio de uma violência sem precedentes, pelas vítimas, especialmente as crianças, pelos feridos, pelos reféns, pelos desaparecidos e suas famílias”, pediu Margaret Karram.

Foto: Vatican Media

Já o cardeal Sako rezou para que “toda a humanidade forme uma só família, sem violência, sem guerras sem sentido e com espírito fraterno, viva unida em paz e harmonia”.

O briefing diário contou com a presença da irmã Caroline Jarjis, iraquiana, uma das participantes das Igrejas do Médio Oriente.

“Sofremos tanto, em toda a nossa vida”, referiu aos jornalistas.

A religiosa evocou uma  Igreja de “mártires”, que vive hoje “um período algo delicado”, com a saída de Bagdade do patriarca dos caldeus, cardeal Louis Raphael Sako.

“Nós somos cidadãos desta terra, não somos uma minoria nem cidadãos de segunda”, sustentou, lamentando que o patriarca tenha perdido a sua sede, deslocando-se para o Curdistão iraquiano.

Os 35 grupos de trabalho entregaram à Secretaria-Geral do Sínodo os seus relatórios, antes da terceira parte da assembleia, que se inicia esta sexta-feira.

D. Andrew Nkea Fuanya, arcebispo de Bamenda (Camarões), disse que “a guerra nunca pode ser uma solução”.

O responsável indicou ainda que a sinodalidade “faz parte” da cultura africana, envolvendo as comunidades cristãs.

“Fazemos sempre as coisas como família”, precisou.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos decorre de 4 a 29 de outubro, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

OC

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