Israel/Palestina: Cáritas Internacional alerta para «desumanidade e brutalidade» e pede cessar-fogo

Alistair Dutton alerta também para «cessar-fogo muito precário» no Líbano, e não acredita em coincidências nos «ataques lançados na Síria»

Foto: Lusa/EPA; Ataque aéreo israelita no campo de refugiados de Al Maghazi, na Faixa de Gaza

Cidade do Vaticano, 06 dez 2024 (Ecclesia) – O secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’ afirmou que “é absolutamente necessário um cessar-fogo” na guerra entre o Hamas e Israel, na Faixa de Gaza, e alertou para a “desumanidade e brutalidade”, após uma visita à Cisjordânia (Palestina).

“É absolutamente necessário que haja um cessar-fogo, a guerra está a prejudicar todos e está a paralisar a economia de Israel. Não são apenas os palestinianos que estão a sofrer, esta situação está a produzir gerações com distúrbios psicológicos, que só criarão os combatentes para as gerações futuras”, disse Alistair Dutton, aos meios de comunicação do Vaticano, numa entrevista divulgada esta sexta-feira.

O secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’ salientou que é preciso “acabar com o fornecimento de armas, que só causa mais mortes”, e que quem está a fornecer armamento a Israel “não faz outra coisa senão impedir qualquer movimento no sentido de um cessar-fogo”.

“Foi muito triste ver como a situação evoluiu e ver o nível da carnificina, tão desproporcional e desumana, que continua hoje em Gaza. Desta vez estive apenas na Cisjordânia, não é possível entrar em Gaza. Olhando para algumas áreas a situação é absolutamente brutal, vemos desumanidade e brutalidade.”

Na sequência dos atentados do Hamas contra civis, a 7 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1200 mortos e o sequestro de 240 pessoas, o exército de Israel desencadeou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza.

Para este responsável da organização católica é necessário “falar sobre os reféns”, que “devem ser libertados”, mas também dos “muitos palestinianos detidos arbitrariamente”, e lembra que existe “um Tribunal Penal Internacional e também um Direito Internacional Humanitário”.

A ‘Caritas Internationalis’ continua a trabalhar “incansavelmente para levar ajuda essencial”, como alimentos, medicamentos e apoio psicológico, “às comunidades devastadas pela violência”, mas, salienta o seu secretário-geral, o agravamento da situação deixa muitas pessoas “sem bens-essenciais”.

Neste sentido, alertou também para as perdas de vida na organização católica, em 2024, “dois membros equipa e muitos dos seus familiares foram mortos”, e, na semana anterior à sua visita, tinham dois médicos hospitalizados por terem sido “feridos recentemente e todos os seus familiares – creio que uma dúzia de pessoas – foram mortas em um ataque dirigido contra uma igreja”.

“Nesta guerra, os trabalhadores humanitários que tentam prestar assistência humanitária também são alvo”, lamentou.

Segundo Alistair Dutton, “a esperança é frágil, mas viva” entre os cristãos palestiniano na Cisjordânia e em Gaza, e adianta que o pensamento na mente dos palestinianos que encontrou é ‘como continuar a construir um sonho para o futuro’.

Foto: Fundação AIS

O secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’ referiu-se também ao “cessar-fogo muito, muito precário” no Líbano, com Israel, e aos novos ataques na Síria, que considera não serem “uma coincidência, o ataque contra Aleppo começou no mesmo dia do cessar-fogo”.

A trégua de 60 dias entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah, mediada pelos Estados Unidos e pela França, entrou em vigor no dia 27 de novembro; o acordo prevê que os militantes do Hezbollah se retirem para norte do rio Litani e as forças israelitas regressem ao seu lado da fronteira. 

“Houve ataques e pessoas mortas no sul do Líbano, apesar do cessar-fogo e a questão é quanto tempo este irá durar; um apito final não é suficiente para acabar imediatamente com a guerra”, analisou Alistair Dutton, lê-se no ‘Vatican News’.

CB

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