«Maria é imaculada não para se distinguir de nós, mas ilustra em grau excelso aquilo a que todos somos chamados», disse a professora universitária
Lisboa, 06 dez 2024 (Ecclesia) – Teresa Messias afirmou que a devoção a Maria “é quase ínsita à nacionalidade” portuguesa, lembrando que, no século XII, “já estava introduzida na Europa a festa da Conceição de Maria” e “Portugal recebeu essa tradição e começou a celebrá-la”.
“A marca que é absolutamente definidora da nossa relação com a Maria e da nossa fé mariana, sobretudo na Imaculada Conceição, aparece no século XVI, quando Dom João IV coroa, em Vila Viçosa, a imagem de Maria Imaculada Conceição”, explicou a professora universitária, esta sexta-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Teresa Messias recorda que na criação do Reino de Portugal, no século XII, “não havia dogma” da Imaculada Conceição de Maria, mas “já havia essa crença e teólogos que a defendiam”, e Dom João IV “teve ainda um efeito muito interessante”, ao perceber “uma onda” nas universidades, que começou em Granada, por volta de 1640, e “levava os professores, sobretudo de Teologia, a defenderem o dogma da Imaculada Conceição”, que o monarca português aplicou a “quem se graduasse na Universidade de Coimbra”.
“Estas raízes da portugalidade, da própria intelectualidade portuguesa de Coimbra, já estão aqui a solidificar toda uma tradição que vê em Maria não só a Mãe da Igreja, que já estava definida há muitos séculos, mas agora também esta mulher totalmente santa, isenta do pecado original. Isso dá-lhe outra luz e outro impacto.”
A Igreja Católica celebra, anualmente, a solenidade da Imaculada Conceição, no dia 8 de dezembro, feriado nacional em Portugal, e Teresa Messias salienta que “interessa celebrar duas coisas”, primeiro “a santidade de Deus e a gratuidade imensa do amor de Deus”, que é “o grande ponto”.
“Maria é imaculada não para se distinguir de nós, mas é aquela que ilustra em grau excelso aquilo a que todos somos chamados. Nós olhamos para Maria e vemos alguém em quem Deus coroou de bens, mas que nós também somos chamados a receber”, acrescentou a professora da Universidade Católica Portuguesa.
Num segundo momento, desenvolveu a entrevistada doutorada em Teologia Espiritual, a festa celebra o lugar de maria “como mãe de Cristo, como mediadora do aparecimento de Jesus Cristo, como mãe da Igreja”, e como alguém que está intimamente relacionado com o mistério de Cristo, “que participa profundamente como nenhuma outra criatura”.
O dogma da Imaculada Conceição de Maria foi proclamado pelo Papa Pio IX, a 8 de dezembro de 1854, através da bula ‘Ineffabilis Deus’, que declara a santidade da Virgem Santa Maria desde o primeiro momento da sua existência.
“O dogma da Imaculada tem uma história muito única e notável, na medida em que foi a sensibilidade, a piedade popular, que foi, paulatinamente, aceitando interiormente que não lhes fazia sentido olhar para Maria e reconhecer alguém marcado pelo pecado original”, explicou Teresa Messias, no Programa ECCLESIA, transmitido na RTP2, onde comentou as leituras que vão ser ouvidas nas Missas deste domingo pelas comunidades católicas.
Em Portugal, já se comemorou o Dia da Mãe no dia 8 de dezembro, com a celebração do dogma e do mistério de Maria Imaculada, a professora universitária assinala que “para quem não era cristão, talvez não fizesse tanto sentido”, e, à medida que o Estado português “se foi tornando cada vez mais laico” e foi compreendendo que deve haver espaço para outras sensibilidades religiosas, “talvez por isso, houve uma passagem da festa para maio”.
Teresa Messias refere-se também à celebração da Imaculada Conceição no programa Ecclesia que vai ser emitido na Antena 1, este sábado, pelas 06h00.
O Instituto da Padroeira de Portugal para os Estudos de Mariologia (IPPEM) promove a conferência ‘Imaculada Conceição. Teologia, Política e Cultura’, este sábado, dia 7 de dezembro, em Vila Viçosa, no salão nobre da câmara municipal; Teresa Messias apresenta ‘Do mistério da Imaculada Conceição à proclamação do Dogma’.
PR/CB