Igreja/Sociedade: «Não é preciso nada de complicado, nem é preciso deprimir para salvar o ambiente» – Teresa Palma Rodrigues

Foco Ecológico Franciscano de Marvila foi um dos grupos que participou no Encontro «Também Somos Terra!»

Lisboa, 08 out 2024 (Ecclesia) – A Rede ‘Cuidar da Casa Comum’ assinalou o final do ‘Tempo da Criação 2024’ com o Encontro ‘Também Somos Terra!’, reflexão, partilha, testemunho, e a preocupação com a ecologia integral juntou vários grupos na igreja dos Navegantes, em Lisboa.

“A Rede liga pontos diversos e a ideia desde a origem, até a ideia da Manuela Silva, era precisamente esta capilaridade de se ir estabelecendo pequenos grupos nas comunidades que, a partir dos desafios lançados pela Laudato Si, levassem para o concreto esta questão da ecologia integral, da conversão ecológica, e que fosse ajudando as comunidades e os cristãos a tomarem consciência da importância desta questão até na forma de viver a sua fé todos os dias”, disse João Luís Fontes, da equipa coordenadora da Associação R3C – Rede Cuidar da Casa Comum (CCC), este sábado, à Agência ECCLESIA.

‘Ter esperança e agir com a Criação’ foi o tema do ‘Tempo de Criação’ 2024, um tempo ecuménico que une Igrejas e comunidades cristãs de todo o mundo, que se realiza entre 1 de setembro e 4 de outubro, começa no Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação e termina na festa litúrgica de São Francisco de Assis.

Foto: Agência ECCLESIA/HM; João Luís Fontes

João Luís Fontes salientou que a questão da ecologia “é um terreno particularmente propício para um testemunho comum”, e recorda que começou por ser muito mais trabalhado e relacionado com “o testemunho cristão no âmbito das outras confissões cristãs”, começou com o Conselho Mundial das Igrejas, nas Assembleias Ecuménicas Europeias, e “acaba por chegar finalmente também ao âmbito católico, não que estivesse completamente arredado”, com o Papa Francisco.

“É assumido como algo também central no testemunho cristão e que as comunidades devem levar a sério com a preocupação desta casa que todos habitamos”, acrescentou o entrevistado da coordenadora da Associação R3C.

Ana Loureiro, do Grupo Cuidar da Casa Comum da Paróquia de Santa Isabel (Lisboa), salientou que esta é “claramente uma questão global” e que toca todas as pessoas, por isso, acredita que “todas as pessoas, de formas diferentes, sentem esta questão da necessidade” de mudar de estilo de vida, de mudar a forma como em comunidade se tem um “impacto tão negativo no planeta e na vida das pessoas”.

“E se nós as pudermos ir chamar e ouvirmos estas diferentes versões, estas diferentes visões, as diferentes formas também de fazer o caminho, também conseguiremos encontrar um caminho melhor”, acrescentou.

Do Foco Ecológico Franciscano de Marvila, também no Patriarcado de Lisboa, Teresa Palma Rodrigues considera que o primeiro passo é demonstrar às pessoas que, “apesar da gravidade, o objetivo não é pôr todos deprimidos”.

“É passar uma mensagem de esperança para que compreendamos que é difícil mas não é impossível, e pode começar com pequenos gestos, muito simples”, realçou, explicando que nas paróquias, na terceira semana de cada mês, têm este tema na oração dos fiéis, e, no boletim paroquial, partilham “dicas ecológicas, dicas verdes, com conselhos práticos”.

O Encontro anual ‘Também somos Terra’, que assinalou o final do ‘Tempo da Criação 2024’, realizou-se este sábado, dia 5 de outubro, na igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, no Parque das Nações, em Lisboa; o programa, organizado pela Associação R3C – Rede Cuidar da Casa Comum (CCC), propôs ‘Itinerários Ecológicos’ e reflexão e partilha a partir do tema ‘Ecologia como um lugar teológico’.

No dia anterior, 4 de outubro, a Rede ‘Cuidar da Casa Comum’ realizou a Celebração Ecuménica Nacional, também na igreja dos Navegantes, no Parque das Nações, em Lisboa.

 

O Grupo Cuidar da Casa Comum da Paróquia de Santa Isabel surgiu no início do sínodo e do processo sinodal nesta comunidade paroquial do Patriarcado de Lisboa, a questão da crise climática, da ecologia integral, “foi uma das nos encontros como uma questão importante a trabalhar” e foi-se juntando um grupo de pessoas para trabalharem em conjunto, um caminho que procuram “fazer aberto à comunidade”, numa lógica também ecuménica.

“Porque na diversidade também vamos tendo mais ideias, porque bem precisamos delas”, salientou Ana Loureiro.

Foto: Agência ECCLESIA/HM; Teresa Palma Rodrigues

O Foco Ecológico Franciscano de Marvila, na Paróquia de São Maximiliano Kolbe – que inclui a igreja de Santa Clara – e na Paróquia de Santa Beatriz da Silva, tenta envolver “toda a comunidade e todo o território” nas suas atividades, como os grupos comunitários que existem nos diversos bairros desta zona da capital portuguesa, as instituições e os moradores.

“Podemos aprender com todos, todos podem contribuir, desde a avó que se lembra de aproveitar os trapos para fazer um pequeno saco, ou do neto que faz um cartão para oferecer com papel reciclado, ou com a caixa dos cereais, portanto, pequenos gestos de esperança, não é preciso nada de complicado, nem é preciso deprimir para salvar o ambiente”, desenvolveu Teresa Palma Rodrigues, do Foco Ecológico Franciscano.

HM/CB/OC

 

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