Igreja/Sociedade: «Europa cristã olha para cada pessoa, migrante, refugiado, como pessoa» – padre Duarte da Cunha

Sacerdote português foi secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais Europeias durante uma década

Agência Ecclesia/MC

Lisboa, 09 mai 2019 (Ecclesia) – O padre Duarte da Cunha, que foi secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) durante uma década, afirmou que a promoção da coesão social e o acolhimento de refugiados devem ser prioridades políticas.

“A Europa cristã olha para cada pessoa, migrante, refugiado, como pessoa e por isso, tem de equilibrar as duas coisas: a coesão e o acolhimento do outro”, referiu, em entrevista à Renascença e à Agência ECCLESIA.

O sacerdote recorda os recentes pronunciamentos dos Papas, realçando que “os imigrantes não podem entrar num ambiente desagregado”.

Isto não significa que eles não podem entrar, significa antes que temos de tomar consciência do que está a acontecer à Europa: a falta de identidade e coesão social, falta de amor à vida e à tal esperança que falava no início, faz com que as pessoas vivam egoisticamente, fechadas em si”.

O sacerdote alerta para a “falta de esperança e empenho” na sociedade europeia, com uma progressiva “perda” do sentido comunitário e das raízes cristãs, referências que estão a ser “substituídas por outras mais utilitaristas e consumistas”.

O atual pároco de Santa Joana Princesa, no Patriarcado de Lisboa, considera que existe uma busca de espiritualidade e muita “vida cristã”, de norte a sul do continente, com tradução social.

“Bastaria imaginar que se na Europa desaparecessem as obras de caridade promovidas pelos católicos, em cada um dos países europeus, o mapa seria drástico, trágico mesmo. Há muita experiência viva e bonita”, relata.

A poucas semanas das eleições europeias, o padre Duarte da Cunha lamenta que não se discutam e expliquem aos portugueses “os porquês e os mecanismos” de Bruxelas, mostrando preocupação com o crescimento de nacionalismos e populismos.

“O problema dos populismos que desagregam identitários em excesso e os problemas mais globalistas ou internacionalistas que tentam dissolver as identidades são dois polos que se promovem uns aos outros, paradoxalmente”, adverte.

O entrevistado deseja que a nova geração de políticos seja constituída por “pessoas bem formadas e que vivam nalguma experiência comunitária”.

A entrevista conjunta é publicada hoje pela Agência ECCLESIA e pela Rádio Renascença, sendo transmitida pela emissora católica portuguesa entre as 13h00 e as 14h00.

OC

 

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