Igreja/Portugal: Presidente da CEP alerta para aumento da «polarização política» no país

Abertura da Assembleia Plenária recordou ainda cenários de conflito em Moçambique, Médio Oriente e Ucrânia

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Fátima, 11 nov 2024 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) alertou hoje, em Fátima, para o aumento da “polarização política” no país, falando na abertura dos trabalhos da Assembleia Plenária dos bispos católicos.

“Em Portugal, os últimos meses acentuaram a polarização política, imprópria para regimes democráticos e que parece esquecer as conquistas que mudaram o rumo da História de Portugal, há 50 anos”, assinalou D. José Ornelas.

O responsável católico considerou que “o equilíbrio parlamentar só tem sentido se for agente da dignificação da política”.

“As mulheres e homens que ocupam cadeiras de poder não podem defraudar as cidadãs e os cidadãos que os elegeram para contribuir para o bem de todos, a dignidade de cada vida e a afirmação de projetos que são garantia de um futuro melhor para toda a sociedade”, acrescentou o bispo de Leiria-Fátima.

O presidente da CEP evocou ainda o “drama da guerra” no Médio Oriente, na Ucrânia, em Moçambique e “em tantas outras geografias do mundo”.

“Sucedem-se conflitos que nos comovem com o seu séquito de miséria, fome, doença e destruição, que conduzem à perda dramática de vidas humanas, especialmente anciãos, mulheres e crianças indefesas e inocentes, que constituem a maioria das vítimas deste desvario”, lamentou.

O bispo de Leiria-Fátima adiantou que a CEP tem estado em contacto com a Conferência Episcopal de Moçambique, “na delicada situação que o país atravessa, com ataques às populações e os protestos após as eleições”, unindo-nos aos apelos dos bispos para que “se encontrem soluções que afirmem a justiça e a verdade da democracia”.

D. José Ornelas denunciou “a situação desastros”a que se vive em Gaza, há mais de um ano.

“Continuamos a afirmar a necessidade da libertação de todos os reféns e o respeito pelas populações que estão a ser tratadas em transgressão de todos os princípios e acordos internacionais, bem como dos valores da mais elementar humanidade, causando dezenas de milhares de mortos e um número muito maior de feridos, sendo 70% destas vítimas mulheres e crianças. Pode-se ser um ser humano e esquecer esta brutalidade?”, questionou.

No dia em que se iniciou a cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP29), em Baku, capital do Azerbaijão, o presidente da CEP denunciou “os ataques ao equilíbrio ecológico”, que levam à “intensificação da frequência e da força destruidora dos desastres naturais, atingindo níveis que fazem temer a irreversibilidade dos danos”.

O responsável católico recordou, a esse respeito, o impacto da da “tremenda tempestade” que assolou Valência e a região circunstante, no final de outubro, assinalando que os bispos vão proceder a um “estudo de modos concretos para ir ao encontro de quem tanto está a sofrer”.

“Perante este quadro assustador, a comunidade internacional parece cada vez mais frágil e incapaz de deter as armas e interesses corporativos, para encontrar solução para os conflitos e para o negacionismo cego da situação crítica da Terra. A frequência e dramaticidade deste séquito de morte parece ter deixado de nos emocionar, revoltar e exigir justiça e esforços reais de paz e humanismo, incapazes de dizer ‘basta!’”, lamentou.

A 210ª Assembleia Plenária da CEP termina com uma conferência de imprensa, esta quinta-feira, às 15h00.

A CEP, entidade representativa da Igreja Católica em Portugal, foi formalmente reconhecida a seguir ao Concílio Vaticano II, em 1967, com a ratificação pela Santa Sé dos primeiros Estatutos aprovados na Assembleia Plenária de 16 de maio, revistos posteriormente em 1977, 1984, 1999, 2005 e 2023.

De acordo com o Direito Canónico, este é o agrupamento dos bispos das dioceses de Portugal que, sob a autoridade do Papa, “exercem em conjunto certas funções pastorais em favor dos fiéis do seu território”.

A Assembleia Plenária é o órgão colegial máximo da CEP.

OC

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