Igreja/Portugal: Conferência Episcopal manifesta «plena comunhão» com o Papa, após declaração sobre bênçãos

Bispos vão receber «Associação Coração Silenciado», que representa vítimas de abusos

Foto Agência ECCLESIA/PR

Fátima, 09 jan 2024 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou hoje a sua “plena comunhão” com o Papa, após a declaração ‘Fiducia supplicans’, divulgada no último mês de dezembro, relativa a bênçãos para casais em situação irregular.

“No seguimento da recente Declaração ‘Fiducia supplicans’, sobre o sentido pastoral das bênçãos, do Dicastério para a Doutrina da Fé, que não altera a doutrina da Igreja sobre o matrimónio, o Conselho Permanente reconhece o acolhimento de todos na Igreja e manifesta a plena comunhão dos bispos portugueses com o Santo Padre”, refere uma nota enviada hoje à Agência ECCLESIA.

A 4 de janeiro, o Dicastério para a Doutrina da Fé (Santa Sé) indicou, em nota de imprensa, que nenhuma conferência episcopal pode impedir um sacerdote de abençoar “casais em situação irregular”.

“A prudência e a atenção ao contexto eclesial e à cultura local poderiam admitir diversas modalidades de aplicação, mas não uma negação total ou definitiva deste caminho que é proposto aos sacerdotes”, refere o documento, assinado pelo cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, e por mons. Armando Matteo, secretário para a Secção Doutrinal.

A nota aborda várias questões levantadas pela declaração, que prevê a possibilidade de abençoar casais em segunda união ou uniões de pessoas do mesmo sexo.

O Conselho Permanente da CEP adiantou ainda que, “no processo em curso sobre a proteção de menores e adultos vulneráveis na Igreja”, a presidência do episcopado vai ter “um encontro de escuta e diálogo com a Associação Coração Silenciado”, no próximo dia 14 de janeiro.

Na sua reunião mensal, o organismo refletiu sobre a agenda da próxima Assembleia Plenária, de 8 a 11 de abril, que terá como temas “a sinodalidade à luz da síntese dos relatórios provenientes das dioceses” e a preparação próxima da visita “ad Limina” dos bispos portugueses, ao Papa e organismos da Cúria Romana, que vai decorrer de 20 a 25 de maio.

Quanto ao processo sinodal em curso, o Conselho Permanente reiterou as orientações práticas para as dioceses, cuja reflexão “deve incidir nos capítulos 8-12, 16 e 18 do relatório de síntese” da primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos (outubro de 2023).

Cada Diocese deve enviar à CEP o fruto da sua reflexão, até final de março de 2024.

“Além disso, cada Diocese pode enviar à CEP, no mesmo prazo, um breve testemunho do trabalho realizado e das experiências vividas (máximo de duas páginas), partilhando uma boa prática que considere significativa para fazer crescer um dinamismo sinodal missionário. Na primeira semana de abril, a Equipa Sinodal da CEP sintetizará a reflexão de todas as dioceses”, acrescenta o comunicado.

Esse texto-síntese será “apreciado e aprovado” na próxima Assembleia Plenária da CEP, antes de ser será enviado à Secretaria-Geral do Sínodo (Santa Sé), até à data-limite indicada por esta (15 de maio).

O Conselho Permanente é um órgão delegado da assembleia dos bispos católicos em Portugal, com funções de preparar os seus trabalhos e dar seguimento às suas resoluções, reunindo-se ordinariamente todos os meses.

O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa é atualmente constituído por D. José Ornelas (presidente da CEP), bispo de Leiria-Fátima; D. Virgílio Antunes (vice-presidente), bispo de Coimbra; padre Manuel Barbosa (secretário); e cinco vogais: D. Rui Valério, patriarca de Lisboa (por inerência do cargo); D. Manuel Linda, bispo do Porto; D. António Moiteiro, bispo de Aveiro; D. José Traquina, bispo de Santarém; e D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora.

OC

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