Igreja/Portugal: Comissão Justiça e Paz defende novo «paradigma social» na relação com os idosos

Mensagem de Quaresma destaca impacto da pandemia e denuncia «domínio despótico dos mercados»

Foto: Lusa

Lisboa, 17 jan 2021 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), organismo da Igreja Católica em Portugal, defendeu a necessidade de “inverter o paradigma social”, na relação com os idosos, partindo do impacto da pandemia sobre os mais velhos.

“Somos chamados a acolher cada idoso como um presente de Deus que nesta pandemia eleva um grito silencioso, mas angustiante, questiona e exige uma outra resposta, pois não nos falta engenho. Com gratidão pela vida, precisamos de desenhar uma nova proximidade, onde a institucionalização não pode ser resposta única nem primeira”, sustenta a CNJP, na sua mensagem para a Quaresma de 2021, enviada hoje à Agência ECCLESIA.

A reflexão manifesta também preocupação com a área da saúde, tanto por causa da Covid-19 como pelas outras doenças, principalmente nas populações mais pobres.

“Não nos podemos resignar aos efeitos mágicos diariamente exibidos de números, gráficos e imagens que parecem vindas de um qualquer filme de ficção. A saúde são pessoas”, pode ler-se.

O organismo de leigos católicos, ligado à Conferência Episcopal Portuguesa, defende uma espiritualidade “com coerência e realismo”, como marca da preparação para a próxima Páscoa.

“É um desafio nesta caminhada para, com consciência, dar maior atenção e valorização à economia social, para que esta não seja mero adereço para momentos de aflição extrema”, indica a CNJP.

Quantas realidades sociais carecem de ações que promovam uma efetiva subsidiariedade que ultrapasse o domínio despótico dos mercados de capitais e dos lucros que olha com desdém para os trabalhadores que vivem na incerteza e na penúria”.

A Quaresma de 2021, observa a CNJP, apresenta-se “carregada de medos num caminho armadilhado e por isso a tentação de desistir da caminhada é grande”.

A reflexão intitulada ‘Caminhar juntos para a Páscoa’ parte da mensagem do Papa Francisco para a Quaresma, pedindo atenção ao próximo.

“É preciso tempo de ‘acolher e viver a verdade’, para acolher a solidão e o isolamento, convidando todos a ver mais além a verdadeira provocação da vida”, assinala o texto.

O organismo católico alerta para os problemas na educação e critica os “jogos de poder” e “experimentalismos” no setor.

“São necessários horizontes de sonho e capacidade para fazer germinar processos educativos que verdadeiramente promovam a capacidade de enfrentar o ‘novo’ e olhar para as inevitáveis dificuldades da vida como possibilidades de melhor e mais além”, sustenta a CNJP.

O documento sublinha a conversão ecológica proposta pelo Papa Francisco e lamenta o “isolamento” que afeta a sociedade, para recordar a importância das relações entre pessoas e destas com o mundo.

OC

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