Igreja: Papa Francisco quer celebrar a Páscoa com Igreja Assíria do Oriente

Caminho sinodal da Igreja católica «é e deve ser ecuménico» e gestos de «aproximação» são «testemunho para o mundo contemporâneo»

Foto: Vatican Media

 

Cidade do Vaticano, 19 nov 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco manifestou hoje o desejo de celebrar a Páscoa em conjunto com a Igreja Assíria do Oriente, num sinal de que o caminho sinodal que a Igreja católica realiza se concretize numa “sinodalidade ecuménica”.

O convite partiu de Mar Awa III, prelado assírio-americano que serve como o 122º Catholicos-Patriarca da Igreja Assíria do Oriente e que foi hoje recebido pelo Papa em audiência no Vaticano, conforme indicação da Sala de Imprensa do Vaticano.

“Agradeço a Vossa Santidade por ter manifestado o desejo de encontrar uma data comum para os cristãos se juntarem à celebração da Páscoa. Quero repetir o que São Paulo VI disse no seu tempo: estamos prontos a aceitar qualquer proposta que seja feita em conjunto”, sublinhou no encontro esta manhã.

Francisco lembrou que em 2025 se irá celebrar “o aniversário do primeiro Conselho Ecuménico (de Nicéia)”, data que irá coincidir com a celebração da Páscoa.

“A jornada da sinodalidade empreendida pela Igreja Católica é e deve ser ecuménica, tal como a jornada ecuménica é sinodal. É minha esperança que possamos prosseguir, cada vez mais fraterna e concretamente, os nossos próprios sínodos, a nossa «viagem comum», encontrando-nos, mostrando preocupação uns pelos outros, partilhando as nossas esperanças e lutas e sobretudo, como fizemos esta manhã, a nossa oração e louvor ao Senhor”, afirmou.

“Tenhamos a coragem de pôr fim a esta divisão que, por vezes, nos faz rir: «Quando é que o vosso Cristo ressuscita?» O sinal que devemos dar é: um Cristo para todos nós. Sejamos corajosos e procuremos juntos: Eu estou disposto, mas não eu, a Igreja Católica está disposta a seguir o que São Paulo VI disse”, reforçou.

Durante o encontro foi saudado o caminho que as duas Igrejas têm realizado, desde São João Paulo II, e Francisco saudou “os laços que têm crescido entre as Igrejas nas últimas décadas”.

“Recordo também o nosso caloroso abraço em Erbil, durante a minha viagem ao Iraque, na sequência do fim da celebração eucarística. Nesse dia, tantos crentes que suportaram imenso sofrimento pelo simples facto de serem cristãos, rodearam-nos com o seu calor e alegria: o povo santo de Deus parecia estar a encorajar-nos no caminho para uma maior unidade!”, reconheceu.

Francisco explicou que a “viagem ecuménica” que realizam é uma forma de aproximação e testemunho para o mundo contemporâneo.

“A vossa Igreja tem em comum com a Igreja Católica Caldeia uma história luminosa de fé e missão, a vida exemplar de grandes santos, um rico património teológico e litúrgico e, especialmente nos últimos anos, imensos sofrimentos e o testemunho de muitos mártires. Infelizmente, o Médio Oriente continua a ser assolado por grande violência, instabilidade e insegurança, e muitos dos nossos irmãos e irmãs na fé foram forçados a abandonar as suas pátrias. Muitos outros estão a lutar para aí permanecer, e renovo com Vossa Santidade o apelo a que os seus direitos sejam respeitados, em particular o da liberdade religiosa e da plena cidadania”, apelou.

O Papa reconheceu ainda o testemunho que o “clero e os fiéis” das duas Igrejas procuram dar “em condições difíceis”, e, “em muitos lugares” o facto de “viverem em comunhão quase completa”.

“Isto é verdade, e é um sinal dos tempos, um poderoso incentivo para rezarmos e trabalharmos diligentemente na preparação do tão esperado dia em que poderemos celebrar juntos a Eucaristia, o santo Qurbana, no mesmo altar, como a realização da unidade das nossas Igrejas, uma unidade que não é nem absorção nem fusão, mas comunhão fraterna na verdade e no amor”, esperançou.

LS

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