Igreja/Ecologia: Miguel Serra, professor de EMRC, espera que o Papa dedique «algum capítulo à juventude» na nova exortação «Laudate Deum»

Docente, que integra o Projeto Eco-Escolas, assinala importância de chegar «aos jovens de uma forma mais explícita, efetiva»

Leiria, 02 out 2023 (Ecclesia) – Miguel Serra, professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) com tese de mestrado na questão ecológica, espera que o Papa Francisco, na nova exortação ‘Laudate Deum’, tenha “uma linguagem simples” e dedique “algum capítulo à juventude”.

“Tenho muito esta expetativa que o Papa possa chegar mais perto, com uma linguagem ainda mais simples, a ‘Laudato Si’ já tem uma linguagem simples. E, se calhar, dedicar algum capítulo à juventude, falar aos jovens de uma forma mais explícita, efetiva e ao mesmo tempo convidando ainda mais para estas questões”, disse o professor de EMRC à Agência ECCLESIA.

O Papa vai publicar a exortação ‘Laudate Deum’, que desenvolve temas da encíclica ecológica e social, dia 4 de outubro; Francisco explicou que o novo documento, uma segunda parte da encíclica ‘Laudato Si’, é uma “revisão do que aconteceu desde a COP21, a cimeira do clima de Paris em 2015, talvez a mais frutífera”.

“Eu acho que vem atualizar muito aquilo que são os problemas ecológicos, isto está em constante mudança. O problema ecológico não para, hoje, temos um problema diferente, infelizmente mais agravado”, salientou Miguel Serra, que pertence à Associação R3C – Rede Cuidar da Casa Comum, que realizou, este sábado, o seu encontro ‘Também Somos Terra’ 2023.

‘Cuidar da terra, cuidar dos outros: uma ecologia integral a partir da Encíclica Laudato Sí’ foi o tema da tese de Mestrado em Ciências Religiosas que o entrevistado defendeu na UCP, e que, agora, está a continuar no doutoramento.

O professor de EMRC está envolvido também no Projeto Eco-Escolas, que é “uma tentativa de envolver os jovens e, ao mesmo tempo, ensinar e sensibilizar para estas questões”, considera que “ainda precisa ser limado”, porque está muito vocacionado para as questões de “reciclar, os ecopontos, o não gasto da água”, e “é preciso olhar” para a parte da ecologia humana, “é preciso cuidar do ser humano”, e defende a ideia de juntar ao “Clube de Solidariedade”.

A nova exortação do Papa é divulgada esta quarta-feira, dia 4 de outubro, quando a Igreja Católica celebra a festa litúrgica de São Francisco de Assis, e encerra o ‘Tempo da Criação’ 2023, iniciativa que mobilizou Igrejas e comunidades cristãs de todo o mundo, este ano com o tema ‘Que a Justiça e a Paz Fluam’.

“Francisco não dissocia a ecologia da dimensão da justiça social e da antropologia, como o lema deste ano do ‘Tempo da Criação’ nos lembra: a justiça social alia-se à justiça climática e, portanto, a justiça climática não se compreende à margem do grito dos pobres e dos problemas sociais”, assinala Pedro Silva Rei, da Associação R3C.

Segundo o jovem investigador, as questões em torno do planeta e da preservação da biodiversidade “estão cada vez mais na ordem do dia”, e os jovens têm demonstrado “um grande testemunho, em variadas frentes, e de variados modos, de compromisso e militância”, e as Igrejas, em concreto a Igreja Católica, têm de saber “aproveitar essa motivação juvenil, para vincar uma credibilidade que passa também por uma cidadania ativa e comprometida”.

“Vamos ver como é que as Igreja saberão ou não, e têm ou não a capacidade, de integrar essa dinâmica juvenil nas suas agendas pastorais, nos seus objetivos, nos seus métodos”, realçou.

Pedro Silva Rei revela que espera que a exortação ‘Laudate Deum’ apresente uma “reflexão atualizada” em função também dos avanços científicos e “aquilo que tem sido a degradação consecutiva do planeta, desde esse marco 2015”, e sobretudo o que têm sido “as recomendações sucessivas dos cientistas nesta matéria”.

O Papa Francisco publicou a sua encíclica ‘Laudato si’, documento social e ecológico, em 2015; cinco anos depois (18 junho 2020), o Vaticano apresentou um “manual” de aplicação deste documento, com mais de 200 recomendações em defesa do ambiente e da vida humana.

CB/OC

Igreja/Ecologia: Papa conseguiu «marcar agenda» com ensinamentos da «Laudato Si» – Francisco Ferreira

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