Igreja/Cultura: D. Tolentino Mendonça saúda Adélia Prado pelo Prémio Camões 2024

Cardeal destaca «ponte entre religião e poesia» na escrita da autora, «uma das criadoras mais irreverentes» e «mais originais» da literatura contemporânea

Adélia Prado
Foto: Direitos Reservados

Lisboa, 27 jun 2024 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino de Mendonça saudou esta quinta-feira a atribuição do Prémio Camões 2024 à poetisa brasileira Adélia Prado, assinalando ser “uma razão de festa para todos os leitores de poesia”.

“Ela é uma das criadoras mais irreverentes, mais originais da literatura contemporânea e estabelece uma ponte entre religião e poesia que a modernidade havia declarado impossível”, destacou o prefeito do Dicastério para a Educação e a Cultura, em declarações à Rádio Renascença.

Para D. José Tolentino de Mendonça, a vencedora “recorda que a experiência poética é sempre religiosa, quer nasça do impacto da leitura de um texto sagrado, de um olhar amoroso ou da observação das formigas trabalhando”.

“Que alegria para o Prémio Camões!”, manifestou.

O ministério português da Cultura anunciou esta quarta-feira que Adélia Prado venceu a 36ª edição do Prémio Camões, no seguimento de uma reunião do júri, que deliberou conceder por maioria a distinção à escritora, de 88 anos.

“Adélia Prado é uma voz inconfundível na literatura de língua portuguesa”, expressa o júri, que salienta que a poetisa “é autora de uma obra muito original, que se estende ao longo de décadas, com destaque para a produção poética”.

Os jurados – professores universitários Clara Rocha (Portugal), Isabel Cristina Mateus (Portugal), Francisco Noa (Moçambique), Cleber Ribas de Almeida (Brasil), Deonísio da Silva (Brasil) e Dionísio Bahule (Moçambique) – lembram que a escritora é “herdeira de Carlos Drummond de Andrade, o autor que a deu a conhecer e que sobre ela escreveu as conhecidas palavras ‘Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo…’”.

Instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, o Prémio Camões é o maior prémio de prestígio da língua portuguesa.

A atribuição desta distinção é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa.

Nascida em 1935, em Minas Gerais (Brasil), Adélia Prado licenciou-se em filosofia e publicou os primeiros poemas em jornais de Divinópolis e de Belo Horizonte, estreando-se individualmente em 1975, quando enviou para Carlos Drummond de Andrade os originais dos seus novos poemas.

Em 1976, lançou o livro de poemas ‘Bagagem’, que captou a atenção da crítica pela originalidade e pelo estilo, e em 1978 escreveu ‘O coração Disparado’, que lhe valeu o Prémio Jabuti de Literatura, conferido pela Câmara Brasileira do Livro.

Adélia Prado é autora das publicações em prosa ‘Solte os Cachorros’ (1979) e ‘Cacos para um Vitral’ (1980), regressando à poesia em 1981, com ‘Terra de Santa Cruz’.

D. José Tolentino de Mendonça e Miguel Cabedo e Vasconcelos prefaciaram e organizaram a antologia ‘Tudo o que existe louvará’ da autora, cuja obra saiu em Portugal em 2016.

O presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, também felicitou Adélia Prado pelo Prémio Camões, ressaltando que a autora soube “unir, de modo pessoal e inconfundível, a mundividência cristã, a condição de mulher e o coloquialismo quotidiano, sempre com uma graça e um lirismo cativantes”.

LJ/OC

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