Igreja/Cultura: «A cultura estética do terceiro milénio acaba por escancarar as portas da arte às problemáticas da religião» – Carlos Morais

Tema esteve em debate na X Jornada de Teologia Prática

Lisboa, 06 nov 2020 (Ecclesia) – O professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa Carlos Morais afirmou na X Teologia Prática que a arte do terceiro milénio incorpora “valores essenciais” e abre portas “às problemáticas da religião, do sagrado, da espiritualidade”.

“Espiritualidade sim, mas entendida em sentido alargado, como experiência paradoxal, plena e sempre misteriosa, que perpassa pelo religioso e pelo profano – e aqui o ‘e’ é fundamental – pelo imaterial e pelo material, pelo transcendente e pelo imanente”, afirmou Carlos Morais.

A X Jornada de Teologia Prática tem por tema “O apelo ao essencial” e decorre no ambiente digital entre os dias 8 de outubro e 19 de novembro; na sessão desta quinta-feira, o tema em debate, moderado por Clarisse Pessoa, professora auxiliar na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais no Centro Regional de Braga,

foi “Uma ecologia do essencial” e contou com a participação de padre Joaquim Félix,  professor na Faculdade de Teologia, em Braga, e Carlos Morais

Para o professor auxiliar na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da UCP, em Braga,

“a cultura estética do terceiro milénio acaba por escancarar as portas da arte às problemáticas da religião, do sagrado, da espiritualidade”.

Carlos Morais considera que as categorias “da religião, do sagrado, da espiritualidade” “não são mais tabus” para o mundo da arte.

“Nem a mais árida travessia da modernidade, do positivismo iluministas, da secularização aboliram as preocupações espirituais no mundo da arte”, afirmou.

Para o professor auxiliar na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da UCP, a arte contemporânea e muito particularmente da arte abstrata encaminhar  “no encalce do essencial, na qual o artista se torna antes de mais num criador de experiências e não apenas no produtor de formas”.

“A obra não se reduz mais a uma função exclusivamente estética e adquire uma função performativa”, afirmou.

Carlos Morais considera “as obras de arte são substâncias algo psicoativas”.

“A criação artista implica uma dimensão ética, um trabalho de si sobre si, uma transformação interior do sujeito”, sublinhou.

“O acesso ao essencial, ao espiritual de uma obra de arte, não se atinge mais através da observação analítica dos motivos representados numa determinada obra, mas mais intimamente, na partilha ativa dos efeitos que ela produz”, afirmou.

Carlos Morais considera que a “obra de arte é uma experiência interior, livre de amarras, capaz de recriar as suas relações com os distintos campos da atividade humana, nomeadamente com esse de eleição que é a espiritualidade”.

“Não é um sagrado institucional, dogmático, voltado para o passado, mas um sagrado pessoal, talvez pouco normativo, ressurgindo de uma maneira sempre nova e imprevista no nosso presente”, acrescentou o professor universitário.

A próxima sessão da X Jornada de Teologia Prática vai decorrer no dia 12 de novembro sobre o tema “Regressar à palavra”.

PR

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