Francisco: Pontificado tem sido «um abrir caminhos» e interpelação para «questões em suspenso», afirma Inês Espada Vieira

Papa argentino celebra esta terça-feira 88 anos e “mostra por atos aquilo que prega”

Foto: Vatican Media

Lisboa, 16 dez 2024 (Ecclesia) – A presidente do Centro de Reflexão Cristã (CRC) considera que o pontificado do Papa Francisco “não se fecha” porque tem sido “um abrir caminhos” sempre na linha do Concílio Vaticano II.

“O que mais fez o Papa Francisco foi abrir caminhos, ou reabrir caminhos, sempre na linha do Vaticano II, e interpelar os cristãos de novo sobre questões que tinham ficado se calhar em suspenso”, disse Inês Espada Vieira à Agência ECCLESIA.

O Papa Francisco celebra esta terça-feira (17 de dezembro) 88 anos e a presidente do CRC refere que estes 11 anos de pontificado tem sido, “quase por capítulos, de uma grande narrativa que não está fechada”.

“Se relermos os textos do Papa e as suas intervenções, percebemos que, em cada uma, há uma semente em que, se calhar, não reparámos, e que é aquela que faz germinar o texto seguinte, a proposta seguinte”, disse Inês Espada Vieira.

O vaticanista e chefe de redação da Agência ECCLESIA, Octávio Carmo, realça que, apesar de ter 87 anos, o Papa Francisco teve um “ano impressionante de trabalho”.

“Acho que a vontade de trabalhar e de fazer a diferença continua lá”, o Papa Francisco desde o início, desde o documento programático ‘A Alegria do Evangelho’, deixou “muito claro que mais importante do que estar a avaliar resultados concretos no imediato era abrir processos”

Recentemente realizou-se no Vaticano um consistório “bastante amplo, com muita participação, com eleição de mais 20 potenciais eleitores no conclave”

“Há uma passagem de testemunho que é paulatina e que não depende só do fumo branco que vem a haver daqui a X ou Y anos, depende de todos estes processos que se abriram, de todas estas perspetivas que foi possível criar, e que o jubileu vai consagrar, num clima de festa”, frisou Octávio Carmo.

O Papa Francisco é o líder da Igreja e “mostra por atos aquilo que prega”, basta recordar “a crise dos refugiados” e “os movimentos relacionados com a ‘Laudato Sí’, afirma Inês Espada Vieira.

Para o chefe de redação da Agência ECCLESIA quando se fala na Igreja, “estamos a falar na realidade de uma instituição que é múltipla”.

“Esta ideia de uma estrutura única, que nos cinco continentes se comporta de maneira igual, está completamente desadequada em termos de leitura. E essa multiplicidade cria tensões, porque há uns que querem ir a determinada velocidade, outros querem ir a outra”, sublinhou Octávio Carmo.

Apesar das diferentes velocidades, o Papa Francisco “não quer deixar de fora ninguém neste esforço de abertura”, apontou.

Em relação ao papel das mulheres no seio da Igreja, Inês Espada Vieira realça que o Papa Francisco fez com que este tema esteja “dentro da Igreja” e não apenas num “grupo de pessoas ou mulheres”, mas é “uma questão das velocidades”.

“O Papa Francisco trouxe este tema e trouxe outros para a discussão, como um tema que não é marginal e trazê-lo para o centro é muito importante”, disse a presidente do CRC.

Para Inês Espada Vieira, “o mundo avançou, a Igreja é do mundo, a Igreja está no mundo e, portanto, não pode continuar com estruturas do passado”.

“Uma das coisas que o Papa Francisco trouxe foi toda uma outra linguagem sobre a realidade e sobre a Igreja”, disse no Programa ECCLESIA emitido esta segunda-feira na RTP2.

HM/LFS

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