Francisco/11.º aniversário: Papa é «uma referência moral, uma voz respeitada»

António Almeida Ribeiro, antigo embaixador português junto da Santa Sé, elogia pontificado marcado pela proximidade e simplicidade

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Lisboa, 10 mar 2024 (Ecclesia) – António Almeida Ribeiro, antigo embaixador português junto da Santa Sé, elogiou o pontificado de Francisco, que considera marcado pela “proximidade” e a “simplicidade”.

“É uma referência moral, uma voz respeitada, é uma personalidade ímpar que pelo seu bom senso, pela sua bondade é escutado e respeitado em todo o mundo, muito para além da comunidade dos fiéis católicos”, refere o convidado da entrevista conjunta Ecclesia/Renascença, emitida e publicada aos domingos.

O responsável destaca a “simplicidade deste Papa, a humildade a proximidade das pessoas, dos mais fracos, dos mais vulneráveis, daqueles que precisam mais de ajuda”.

“Ele é uma voz amiga, próxima, simples”, acrescenta.

O diplomata, que chegou a Roma dois dias antes da eleição do atual Papa, conhecia o cardeal Jorge Mario Bergoglio desde o tempo em que era embaixador em Buenos Aires; em abril de 2023, foi o primeiro embaixador estrangeiro que apresentou credenciais ao Papa Francisco.

“Penso que ele, aos poucos, foi descobrindo o que era Fátima, o que era Portugal. E ele ficou rendido a Portugal”, indica o entrevistado.

António Almeida Ribeiro destaca o facto de, neste momento, haver seis cardeais portugueses, e fala da viagem do Papa a Fátima em 2017, uma “felicidade enorme” para Francisco.

Quando me despedi dele, no fim das minhas funções, transmitiu-me esse sentimento de ter gostado imenso daquele banho extraordinário de multidão que o acompanhou durante toda a visita. Depois, a Jornada Mundial da Juventude de 2023 foi outro momento absolutamente extraordinário que o Papa pôde viver no nosso país”.

O secretário-geral adjunto do Centro de Diálogo Internacional – Kaiciid considera que Francisco tem “dado um enorme contributo para valorizar o diálogo entre as religiões”, recordando, por exemplo, a declaração de Abu Dhabi sobre a fraternidade humana, assinada a 4 de fevereiro de 2019.

Para o embaixador português, é importante ter em consideração que a diplomacia do Vaticano é “uma diplomacia muito discreta”, mas “respeitada e eficaz”.

“Não podemos esquecer que a Santa Sé tem ramificações em todo o mundo”, prossegue.

Questionado sobre o impacto do pontificado na vida interna da Igreja Católica, o entrevistado admite que, ao mexer em “algumas tradições que estavam muito arraigadas”, Francisco gerou algumas reações negativas, mas sublinha que o Papa tem sabido promover uma “mudança significativa”.

Considerando que o legado do Papa “vai ter certamente um peso grande no futuro da Igreja Católica”, António Almeida Ribeiro destaca o processo sinodal em curso.

“É um processo inovador, sem dúvida, e que reflete muito esta preocupação do Papa de abertura, de ouvir o outro, de acolher o outro e, portanto, ao abrir este debate está a ser igual a ele próprio, está a defender aquilo que é a sua maneira de ser desde sempre”, conclui.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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