Fátima: Bispo de Angra incentivou a «combater o individualismo crescente e reconstruir as comunidades», a partir do exemplo da Jornada Mundial da Juventude

D. Armando Esteves Domingues alertou para «tentação de uma religião à medida» e «certa esterilidade espiritual» na sociedade

Fátima, 13 set 2023 (Ecclesia) – O bispo de Angra disse hoje, na peregrinação internacional de setembro ao Santuário de Fátima, que “é urgente combater o individualismo crescente e reconstruir as comunidades”, com o exemplo da JMJ 2023.

“Em muitas paróquias diz-se que a pandemia fez crescer o individualismo e a tentação de uma religião à medida, privada, de sofá, porventura também de pijama, e vai-se à procura do que faz sentir bem: assiste-se na televisão ou redes sociais, podem escolher quando, como, a Missa que gostam. É uma pobreza, é cruzar os braços e não querer dar frutos como povo de Deus”, referiu D. Armando Esteves Domingues, na homilia da celebração que decorreu no Recinto de oração da Cova da Iria.

O presidente da Peregrinação Internacional Aniversária do 13 de setembro apelou às famílias que apostem “nas comunidades paroquiais”.

“Bebei de uma espiritualidade comunitária que vença os egoísmos, escutais os mais novos, espicaçai e valorizai a criatividade, dai-lhes lugar. É mais importante ensinar alguém a fazer algo do que fazermos nós muito benfeito, assim também na Igreja, na liturgia, e na pastoral. Veremos como a esterilidade humana e espiritual, quem sabe, desaparece. É disso que Maria continua a ter pressa, por isso formou três crianças e deu-lhes o protagonismo”, desenvolveu.

Para D. Armando Esteves Domingues, a Jornada Mundial da Juventude 2023, realizada em Lisboa, de 1 a 6 de agosto, mostrou que “é urgente combater o individualismo crescente e reconstruir as comunidades”, destacando que “juntos tudo ganha mais cor e força”, a experiência desta JMJ “diz que vale a pena valorizar tudo o que cria grupo, comunidade”, e incentivou a começar pela Eucaristia.

Dá-nos esperança lembrar essa extraordinária experiência de fé protagonizada por jovens do mundo inteiro na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa. Foi um autêntico estaleiro de esperança. Quem nos dera que esta multidão de jovens, a quem já se vai chamando ‘Geração 2023’, consiga marcar este tempo, ter a repercussão na Igreja, nas comunidades, mas também em toda a humanidade”.

O bispo de Angra lembrou que nessa juventude da JMJ viu-se “uma Igreja jovem, viva, alegre, em festa”, jovens a caminhar sem se queixar,” como deve fazer hoje a Igreja que se quer mais sinodal, rostos felizes pela vida da fé que partilham: “jovens que se contentavam com pouco, que não iam em busca de consumo, do prazer, de alegrias passageiras, mas desejosos de Cristo e de um mundo novo construído com ele.”

“Havia esperança, e muita, no rosto de todos. Havia e há muita esperança no ar e nos nossos rostos. Não será isto que a Igreja precisa e a mãe do céu quer que se alargue, que morram as esterilidades e surjam frutos novos no nosso tempo?”, questionou.

O presidente da peregrinação internacional aniversária, responsável pela Comissão Episcopal para a Missão e Nova Evangelização dos bispos de Portugal, explicou, a partir do Evangelho da celebração, que Maria levantou-se “por amor” e partiu apressadamente “para amar”.

“Viemos aqui em busca da mãe, rainha e mãe de misericórdia, viemos também para vencer uma certa esterilidade espiritual, para lhe consagrar o nosso amor, para que se torne fecundo; O dia-a-dia não é de multidão, as pessoas isolaram-se já não parecem sensíveis à dimensão religiosa ou reduzem-na a tradições ou eventos momentâneos, quem sabe intensos, muitas vezes mais culturais e sociais do que religiosos”, assinalou, refletindo sobre o “aparente eclipse de Deus na sociedade”, mas sobretudo na consciência de muitos”, que pode ter alguma coisa de providencial.

“Talvez precisemos de fazer descobrir não um Deus para além das estrelas, mas um Deus que a vida pulsa se livremente lhe dermos espaços nos nossos corações, nas nossas veias, nos nossos relacionamentos de irmãos”, acrescentou D. Armando Esteves Domingues.

Na celebração da Palavra, após a procissão das velas de 12 de setembro, esta terça-feira à noite, o bispo de Angra centrou a sua homilia na temática da paz.

CB/OC

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