Évora: Pároco de Mora convida «os mais sós» para passar o Natal

Padre Nelson Fernandes conta este ano com uma família síria à volta da mesa

Foto: Padre Nelson Fernandes

Évora, 24 dez 2022 (Ecclesia) – O padre Nelson Fernandes, pároco de Mora, na arquidiocese de Évora, contou à Agência ECCLESIA que a cada ano convida “quem está mais só” para passar o Natal na casa paroquial e este ano conta com uma família síria à volta da mesa.

“Eu fui detetando na paróquia que alguns idosos têm filhos no estrangeiro ou vivem sós e lancei o desafio de nos juntarmos em redor da mesa para passar a noite de Natal e o dia  de Natal na casa paroquial, que não é a casa do padre mas a casa de todos”, explica o sacerdote. 

Pároco de Mora há cinco anos, o padre Nelson Fernandes visitou os lares no seu primeiro ano naquela zona e constatou que “grande parte dos idosos iria passar o Natal no lar”.

“Uns porque não tinham família por perto ou porque não havia condições para saírem e isso interpelou-me… o Natal é uma festa de família e faz sentido estarmos juntos”, indica.

A iniciativa, “que agora já é uma tradição”, passa por um convite na Eucaristia, no domingo antes do Natal, para convidar quem está só na época natalícia e este ano o convite estende-se a uma família síria. 

“Este ano vamos ter três novos convivas, temos entre nós uma família cristã da Síria que estão na comunidade de Mora e vão sentar-se à mesa connosco”, conta.

A presença da família, na zona há dois meses, tem sido uma forma de “abrir mentalidades” e mostrar à comunidade a realidade da “perseguição dos cristãos na Síria”.

“São muito acolhedores, vamos colaborando com eles e eles com a comunidade, fui lá a casa convidá-los e disseram logo que sim”, recorda. 

O padre Nelson Fernandes ainda não sabe quantos lugares vai pôr na mesa este Natal, mas “nos outros anos têm sido cerca de 14 os convivas”, mesmo em tempo de pandemia. 

“Em tempo de pandemia fizemos na mesma, com todas as precauções e em número mais reduzido mas fomos celebrando desta forma”, lembra. 

O pároco confessa que, “com a família de sangue longe, na arquidiocese de Braga”, esta é uma forma de passar o Natal com outra família e onde são “convidados também sacerdotes vizinhos que esteja sós”.

“O Natal é preparar o berço para o nascimento do Deus Menino e para nascer em cada um de nós tem de haver transformação, tem de haver mudança, e temos de ser pobres de coração e derrubar muros de emoções que geram medo de estar com os outros”, aponta. 

A logística para a celebração do Natal é organizada pelas pessoas que se inscrevem, o sacerdote assume que “é o que menos faz” mas que cada um quer participar com alguma coisa.

“Por exemplo temos uma conviva invisual que faz sempre questão de confecionar alguma coisa e, para nós, é sempre muito interessante ouvi-la explicar como faz na cozinha, vemos a dedicação e a ternura ali colocada”, conclui.

SN

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