Europeias 2024: Ato eleitoral é «muito relevante para os portugueses e para a Europa» – José Pedro Frazão

Jornalista da Renascença analisa questão da imigração, configuração do Parlamento Europeu e guerras em curso

Lisboa, 07 jun 2014 (Ecclesia) – José Pedro Razão, jornalista da Renascença, afirmou que o próximo ato eleitoral para o Parlamento Europeu é “muito relevante para os portugueses e para a Europa”.

“Há um conjunto de temas que, de certa maneira, os debates acabaram por trazer ao conhecimento dos portugueses e que vale a pena tomar nota. E desde logo a própria composição do Parlamento Europeu é decisiva para esses cálculos”, referiu à Agência ECCLESIA.

O entrevistado realça que muita da legislação portuguesa e “muitas das decisões são hoje em dia tomadas por Bruxelas”.

Segundo José Pedro Frazão, “a configuração que poderá surgir do Parlamento Europeu com mais preponderância de forças eurocéticas e mesmo contra o Projeto Europeu de uma forma mais declarada”, referindo-se à extrema-direita e extrema-esquerda, poderá “dificultar consensos em algumas matérias”, nomeando o exemplo do Pacto das Migrações, na legislatura anterior.

A imigração é, segundo José Pedro Frazão, um tema que entra tanto na agenda portuguesa como europeia, e que ganhou muita relevância nos últimos meses em Portugal.

“No plano europeu, a situação é complicada, porque o Pacto Europeu que foi passado, com críticas de muitas forças políticas e da sociedade civil, incluindo de organizações ligadas à Igreja, por exemplo, é um pacto de mínimos, e foi aprovado nos limites pelos socialistas, pelo PPE (Partido Popular Europeu) e também pelos liberais”, indicou.

O jornalista fala que na campanha eleitoral se ouviram muitas forças políticas, quer à esquerda, quer à direita, que dizem que “vão fazer cavalo de batalha” da revogação do pacto, acreditando que nos próximos anos este vai ser um tema em cima da mesa.

“A questão é: como é que as nossas sociedades, Portugal incluído, vão viver com a necessidade de ter migrantes? Lembro também a questão demográfica, que é uma questão relevante para Portugal e para a Europa, e que praticamente não se falou muito nesta campanha eleitoral sobre isso, mas a imigração vai ser decisiva”, referiu.

O jornalista que foi distinguido com o prémio do Piazza Grande, um galardão internacional que distingue trabalhos na área da religião, pela reportagem “Em Kherson, o Sagrado Coração católico ainda bate sob bombas e mísseis”, considera que as duas guerras, no Médio-Oriente e na Ucrânia, são uma questão que marca também o projeto europeu.

“Aqui a Europa também está um pouco a lutar contra o relógio, porque pressente que pode haver uma alteração do seu maior parceiro de defesa, que são os Estados Unidos, com as eleições presidenciais marcadas para novembro”, realça o José Pedro Frazão.

“Temos visto Volodymyr Zelensky (presidente da Ucrânia), um pouco por toda a Europa, a tentar recolher apoios bilaterais de segurança e defesa, mas há uma questão muito central, que tem um pouco a ver com a forma como os orçamentos são feitos na Europa”, acrescentou.

O jornalista explica que a Europa tem um orçamento comunitário e que, tendo em conta “a necessidade de aprofundar a defesa europeia defendida pela maior parte dos partidos na União Europeia”, face sobretudo à guerra na Ucrânia, se coloca a questão de “saber se há dinheiro” que pode ser aplicado nesse âmbito, porque é um “investimento muito gravoso”.

“Investimento que já agora tem sido criticado pelo Papa Francisco, que tem sublinhado a questão do recurso permanente às armas, e a escalada que isso implica”, assinalou.

As eleições para o Parlamento Europeu realizam-se nos vários estados-membros, de 6 a 9 de junho, e para este ato eleitoral foi aprovado um regime excecional de voto em mobilidade, isto é, os cidadãos podem votar em qualquer mesa de voto, acompanhados do documento de identificação civil.

“[A abstenção] é geralmente muito elevada nas eleições europeias. Admite-se que esta modalidade, que é uma estreia em Portugal, possa efetivamente ter esse resultado positivo. É possível votar em qualquer lugar. As pessoas não têm que se direcionar à sua mesa de voto tradicional, a par do movimento do voto antecipado que também já existe”, destacou, em entrevista emitida esta quinta-feira no Programa Ecclesia (RTP 2)

HM/LJ/OC

Europa/Guerra: Próximos 12 meses serão «cruciais» – José Pedro Frazão (c/vídeo) – Agência ECCLESIA

Partilhar:
Scroll to Top