Era digital, a era do choque

LOC/MTC

Estamos a chegar ao ano vinte vinte (2020) do século XXI. A cada década que passa prossegue a busca constante de condições dignas de trabalho e de vida, para aqueles que vivem do fruto do seu trabalho.

Estes anos que antecedem o ano 2020, para a igreja em mundo operário, têm sido de grandes desafios e interpelações. Um balanço deste ser militante cristão no mundo do trabalho não seria tarefa fácil, mas neste caso, o que nos interessa é sublinhar linhas de desafio para a nova década que se nos apresenta.

Ainda no início do último Novembro o Papa Francisco, dirigindo-se aos Responsáveis e Dirigentes das Organizações não-governamentais de inspiração católica que decorreu no Vaticano, em que estiveram representantes do nosso movimento através do MMTC (Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos), nos dizia:

Obrigado pelo esforço. Com isto vós quereis transmitir um testemunho concreto para favorecer o acolhimento dos mais vulneráveis, excluídos, para fazer do mundo uma “casa comum”.

“Muitos de vós vos interessais e tratais de estar presentes nos lugares onde se debatem os direitos humanos das pessoas, a suas condições de vida, o seu habitat, a sua educação, o seu desenvolvimento e outros problemas sociais”.

“Uma das melhores formas de atuação internacional dos cristãos consiste certamente na cooperação que, isoladamente ou em grupo, prestam nas próprias instituições criadas ou a criar para o desenvolvimento da cooperação entre as nações”.

E alertava para a realidade de que muitas vezes os fundos para apoiar estes realidades não chegam ao destino, ou são usados em burocracias, e que é fundamental podermos falar destas coisas sem ser de cor, temos que estar dentro dos problemas.

“É por isso que quis lançar um chamamento mundial, para reconstruir um Aliança Global sobre a educação, um passo adiante que forme para a paz e a justiça, que forme para o acolhimento entre os povos e a solidariedade universal, para além de ter em conta o cuidado da “casa comum”, no sentido expresso na Encíclica Laudato Si. Portanto, animo-vos a incrementar, ainda mais, o vosso profissionalismo e a vossa identidade eclesial”.

Vivemos tempos em que alguns identificam como a era do choque, a era do confronto.

Aos discursos que invocam a inteligência querem sobrepor o discurso da intriga e do desprezo, ao discurso da empatia querem impor o discurso da antipatia, promover a divisão em vez de incitar à noção de pertença.

Vemos, ouvimos e lemos por aí, discursos de emoção falsificada onde prospera o insulto. O que tem público é o discurso mais básico e de preferência com carga de violência. Neste tempo de redes sociais, funciona a estrutura do descrédito do outro a que ninguém escapa.

Mas há também por aí sinais de que, os recursos da sociedade para a inversão deste rumo, começam a despertar, começam a mobilizar-se. “A memória é o horizonte da esperança” como diz o Papa Francisco na sua mensagem para o Dia Mundial da paz, de 1º de Janeiro de 2020, em que aproveita para nos relembrar, “nunca haverá Paz verdadeira, se não formos capazes de construir um sistema económico mais justo”

Na situação atual da sociedade, é verdadeiramente significativa a existência de pessoas que apostem e procurem assumir compromissos que exigem toda a vida, Onde muitos viam pecadores e malfeitores, Jesus soube ver apóstolos. O nosso pecado é muitas vezes, mais o que podíamos ter feito e não fizemos e não se o fizemos mal ou bem. É um desafio ir ao encontro dos que não desistem. E “nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante” (Papa Francisco)

 

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