Entre Linhas: CNE quer acompanhar os jovens «independentemente da forma como expressam a sua afetividade e sexualidade»

«Nós não queremos deixar ninguém de fora», afirmou Ivo Faria, rejeitando a possibilidade que alguém se possa sentir «reprimido»

Foto Agência ECCLESIA/HM

Coimbra, 28 jan 2023 (Ecclesia) – O chefe nacional do Corpo Nacional de Escutas (CNE) disse que o projeto Entre Linhas tem por objetivo pensar o acompanhamento dos jovens no movimento “independentemente da forma como expressam a sua afetividade e sexualidade”, impedindo que se sintam “reprimidos”.

Em declarações à Agência ECCLESIA, Ivo Faria afirmou que a preocupação do CNE “não é apenas trabalhar a homossexualidade” ou “aquilo que é mais diferente” no relacionamento dos jovens.

“Queremos trabalhar com as várias dimensões, com as várias realidades e queremos trabalhar com os jovens, ajudá-los a percorrer um caminho onde não se sintam à margem, onde eles não se sintam reprimidos, onde eles não se sintam desacompanhados, independentemente da forma como expressam a sua afetividade, independentemente da forma como eles vivem a sua sexualidade, no sua dia a dia”, afirmou.

O projeto Entre Linhas foi criado pelo CNE em 2020, tendo como parceiros a Universidade Católica Portuguesa (UCP) e o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), para pensar a afetividade e a sexualidade no âmbito do método educativo proposto pelo movimento; este sábado e domingo decorre um simpósio sobre o tema, pensado na perspetiva da natureza, a cultura e a liberdade.

“Nós não queremos deixar ninguém de fora”, afirmou Ivo Faria, lamentando que o debate proposto pelo CNE seja aproveitado “para discutir outras realidades que nada têm a ver com este projeto.

“Este não é um projeto vocacionado apenas para os temas da inclusão, não é um projeto vocacionado para discutir a ideologia do género. Este é um projeto vocacionado para discutir a afetividade e a vivência de uma sexualidade plena”, sustentou.

O chefe nacional do CNE lembrou que o Entre Linhas não acontece “à margem” da vivência eclesial, admitindo “opiniões divergentes”, o que não constitui “nenhum problema”.

“Estamos habituados que da divisão saia crescimento e não fracionamento. É deste processo que contamos que haja crescimento, que haja caminho e encontremos os jovens nesse caminho, do qual às vezes nos vamos sentindo afastados”, defendeu.

Para o chefe nacional do CNE, o simpósio vai ajudar a “cimentar ideias” sobre a temática da afetividade e sexualidade no contexto atual para depois “começar a transformar todo o material que se produziu em materiais de formação”, capacitando o movimento de “linguagem, reflexão e meios” que permitem apoiar os jovens “na sua integralidade”.

O simpósio “Lugares da afetividade e da sexualidade na configuração da identidade pessoal” reuniu dirigentes do CNE e representantes de diferentes setores da Educação Cristã, num debate realizado com o contributo de investigadores de diferentes áreas das ciências sociais.

Presente nos trabalhos, D. António Moiteiro, valorizou a parceria do CNE com o SNEC num “tema muito atual” para os educadores cristãos, nomeadamente catequistas e professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), propondo “respostas evangélicas” a problemas da atualidade.

Em declarações ao SNEC, o presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé e Educação Cristã sublinhou que é necessário “dialogar com a sociedade”, no contexto dos valores da antropologia cristã e onde a ciência ajuda “a descobrir e a entender alguns fenómenos”.

“Importa estar presente nesta realidade com uma mensagem que não poderá ser simplesmente moralista em termos de um tradicionalismo, mas de uma compreensão nova de que houve, há e continuará a existir uma evolução na compreensão da sexualidade humana e da afetividade humana”, disse por sua vez D. Jorge Ortiga em declarações à Agência ECCLESIA.

Para o arcebispo emérito de Braga e membro da Comissão Episcopal da Doutrina da Fè e Educação Cristã, a Igreja “tem de estar presente” com respostas concretas, através do escutismo, dos movimentos, da catequese, da Escola Católica e tantos outros espaços para “educar para a afetividade e para a sexualidade”.

O simpósio “Lugares da afetividade e da sexualidade na configuração da identidade pessoal” termina este domingo, em Coimbra.

PR

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