Educação: Igreja debateu impacto da tecnologia nas salas de aula

Formação ‘Do clique ao toque’ sublinhou importância de ir ao encontro da realidade das novas gerações

Braga, 11 fev 2019 (Ecclesia) – A cidade de Braga acolheu a 4ª edição da ação de formação ‘Do clique ao toque – O Diálogo entre a vida e a fé nos dispositivos digitais’, debatendo o impacto da tecnologia na sala de aulas e na vida dos alunos.

Gema Serrano, professora de Teologia na Faculdade de Notre-Dame (França), uma das conferencistas do evento, que decorreu entre sexta-feira e sábado, disse à Agência ECCLESIA que a “distinção entre imersão e desconexão não é real”.

“Dizemos que há um mundo real e virtual e esta distinção não funciona, porque o mundo a que chamamos virtual converteu-se num habitat quotidiano onde fazemos compras, vivemos, rezamos, conversamos, onde as pessoas fazem tudo neste ambiente”, precisou a especialista em Teologia Fundamental.

Para a conferencista, é possível “ensinar para um distanciamento crítico”, que ajude a evitar “adições”, valorizando também os vários “tipos de presença” no mundo digital, sem que isso coloque em causa a “unidade” da pessoa.

“Ninguém quer esquecer-se do telemóvel, porque sem ele fica desorientado. É a vida que está no telemóvel”, observou.

A especialista convida ainda a promover uma “educação afetiva” para poder viver com novos objetos com que se interage, cada vez mais.

“A questão não é tanto ecrã ou não ecrã, mas a forma como nos relacionamos com cada pessoa”, concluiu.

Já o padre Luís Miguel Rodrigues, vigário episcopal para a Educação Cristã na Arquidiocese de Braga, destaca a necessidade de refletir “teologicamente” sobre estes temas, promovendo um uso “humano e humanizador” da tecnologia, inserida num “projeto educativo de matriz cristã”.

Se olharmos para as tecnologias de forma fria e descontextualizada, de facto há uma separação entre aquilo que é a vida e a tecnologia. Se repararmos que a tecnologia só existe e tem impacto quando é usada pelas pessoas, então vemos que a tecnologia e o uso que dela fazemos são realidades ligadas, próximas, indissociáveis”.

Maria de Lurdes Barroso, professora de EMRC, valoriza a formação proposta, considerando que a mesma permite uma aproximação aos alunos, nesta área.

“Os alunos já nascem nisto e nós temos de nos adaptar a eles. A tecnologia motiva-os, os livros e a teoria… gostam, mas temos de ter esta parte”, observa.

Já Lúcia Morgado, professora da Diocese de Viseu, considera útil ter “alternativas positivas e mais favoráveis para os alunos”, sem “perder a parte humana”.

Ana Amélia Carvalho, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação na Universidade de Coimbra apresentou o tema ‘Ser professor no século XXI: desafios da era da mobilidade’.

“Hoje sabemos que a capacidade de atenção é variável e não ultrapassa os 10 a 15 minutos. Cabe ao professor ir alterando as atividades, usando dispositivos móveis, não correndo o risco de os considerar uma espécie de ‘panaceia’ para todos os males. A utilização de metodologias ativas pode concorrer para uma aula mais produtiva”, apontou.

‘Do clique ao toque – O Diálogo entre a vida e a fé nos dispositivos digitais’ foi organizado pela Faculdade de Teologia, em Braga, com o apoio da Fundação Secretariado Nacional da Educação Cristã.

HM/OC

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