«Economia de Francisco»: Crise socioambiental «complexa» tem de ser resolvida numa «perspetiva integral» – Rita Sacramento Monteiro (c/vídeo)

«A economia é o cuidar daquilo que nos é dado», afirma jovem portuguesa

Lisboa, 18 nov 2020 (Ecclesia) – Rita Sacramento Monteiro, do grupo ‘Economia de Francisco Portugal’, disse à Agência ECCLESIA que “economia é o cuidar daquilo que é dado”, sublinhado os desafios lançados pelo Papa neste campo, às novas gerações.

“Hoje não há só uma crise ambiental, nem só uma crise social, há uma crise socioambiental complexa que não vai ser respondida só de uma perspetiva ou outra e temos de olhar as coisas de uma perspetiva integral e a economia é o cuidar daquilo que nos é dado”, explicou em entrevista emitida hoje na RTP2.

A jovem pertence ao grupo de cerca de 50 participantes portugueses que se inscreveram no encontro mundial ‘Economia de Francisco’, uma conferência digital, com pessoas de 120 países, que começa esta quinta-feira e termina no sábado, com uma mensagem do Papa Francisco.

Rita Sacramento Monteiro explica que a origem da palavra economia “toca no cuidar dos recursos, daquilo que é dado”, na gestão sustentável daquilo que “é confiado” às pessoas.

“O paradigma hoje é outro e já se fala no facto de a sustentabilidade e estas questões são a estratégia de negócio por que as empresas já perceberam que não é só assim que duram no tempo mas é assim que minimizam impactos negativos, potenciam impactos positivos, e também envolvem e dão um sentido de propósito aos seus colaboradores e às suas pessoas”, observa.

O desafio do Papa é que nos juntemos, que se juntem todos aqueles que estão a trabalhar estas áreas (12 temas), e que no evento possamos ouvir e partilhar. A ideia é muito que a dinâmica seja levada por nós, os mais jovens, e depois o Papa pensou nisto para a frente, que seria para continuar, há uma rede internacional que agora se está a materializar em muitas redes nacionais e vai perdurar no tempo”.

O Papa convocou “jovens economistas, empresários e empresárias de todo o mundo” para o encontro sobre economia que “faz viver e não mata”; o evento que se ia realizar em março, em Assis (Itália), foi adiado para este mês novembro (19 a 21) por causa da pandemia de Covid-19 e decorre nos meios digitais.

“A grande novidade é que por ser digital vai ser acessível a muito mais gente do que só os participantes, ou seja, as pessoas vão poder seguir e acompanhar intervenções de pessoas que se destacam no âmbito da economia, da sustentabilidade, da defesa desta nova economia e de uma ecologia integral”, indica Rita Sacramento Monteiro.

O programa prevê intervenções de Jeffrey Sachs (EUA, economista, presidente da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (UNSDN); Muhammad Yunus (Bangladesh), economista e Banqueiro, considerado o pai do microcrédito, prémio Nobel da Paz em 2006; Jennifer Nedelsky (Canadá), filósofa e professora na Universidade de Toronto; Vandana Shiva (Índia), ativista ambiental, membro do conselho do Fórum Internacional sobre Globalização.

Rita Sacramento Monteiro realça que os participantes lusos estão “muito animados” com a possibilidade de continuar este movimento junto das escolas, das organizações, das empresas e do poder político, e constituíram-se numa uma rede que já é visível num sítio online – www.economiadefrancisco.org – e nas redes sociais, onde se pode acompanhar o trabalho que estão a desenvolver e “escrever com ideias a querer saber mais”.

A jovem portuguesa destaca que a economia de Francisco “não se esgota neste evento” mas “é um ponto de partida” porque têm mais perguntas do que respostas e não vão “trazer nenhum modelo económico, uma receita, uma cartilha”.

O grupo ‘Economia de Francisco’ de Portugal, com o apoio da Associação Cristã de Empresários e Gestores, através da ACEGE Next, participou em “dois módulos” onde refletiram sobre a encíclica ‘Laudato Si’ e os 12 temas do encontro, “as 12 aldeias que já foram um desafio do evento” sobre trabalho e cuidado; gestão e dom; finanças e humanidade; agricultura e justiça; energia e pobreza; lucro e vocação; policies for happiness; CO2 da desigualdade; negócios e paz; Economia é mulher; empresas em transição; vida e estilos de vida.

PR/CB/OC

 

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