Dia Mundial da Criança: É preciso escutar as crianças porque «elas têm muito a dizer» – Irmã Deolinda Rodrigues (c/vídeo)

Centro Social 6 de Maio acompanha 95 crianças, estimulando ao desenvolvimento pessoal e social e preservando a «surpresa das descobertas», a «pureza» e genuinidade

Foto: Agência ECCLESIA/LS

Lisboa, 01 jun 2021 (Ecclesia) – A irmã Deolinda Rodrigues, missionária Dominicana do Rosário, lamentou hoje que a sociedade não olhe e escute as crianças, porque, “elas têm muito a dizer”.

“Há que olhar para as crianças, escutá-las porque elas têm muito para dizer, têm muitas ideias. A nossa sociedade tem de olhar, escutar e aprender com elas”, valorizou a religiosa que é presidente da direção do Centro Social 6 de Maio, instituição localizada na Amadora, que oferece valências de creche e pré-escolar a 95 crianças.

O Dia Mundial da Criança, que hoje se assinala, foi criado pela Organização das Nações Unidas a 20 de novembro de 1959, data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança, afirmando-os em todo o mundo.

“Junto da criança vem a pureza, honestidade, o genuíno, isso é muito importante para o futuro da sociedade”, afirma a educadora de infância Ana Margarida Melo, conhecida entre as crianças por «Nucha».

Mafalda Prista, educadora de infância na instituição há 22 anos, lamenta a seriedade dos adultos que “apenas pensam em coisas sérias”.

“Esquecemos as coisas boas como ver o arco-íris, o deslumbramento com uma flor a nascer, ou sujarmo-nos com tinta. No Dia Mundial da Criança seria importante percebermos que devíamos guardar a criança que somos e que ela continua presente”, indica.

A educadora de infância Carina Ferreira, na instituição há 13 anos, valoriza a capacidade dos mais novos se surpreenderem mas também a sua frontalidade “mostrando o carinho na interação uns com os outros”.

Foto: Agência ECCLESIA/LS

Cativa-me a forma como absorvem o mundo à volta deles, a magia com que veem as coisas como se fosse a primeira vez. É uma fase, para mim, essencial, uma fase de construção da alicerces que vão permitir no futuro, construir uma base mais sólida, enquanto seres humanos que se vão formando”, indica.

A acompanhar a população há mais de 45 anos, a irmã Deolinda Rodrigues recorda que as respostas dirigidas aos mais novos foram criadas para responder às necessidades da população que vivia no Bairro 6 de Maio, para que as crianças “não andassem nas ruas quando as mães estivessem a trabalhar” e também com o objetivo de melhor as integrar na escola.

“As crianças praticamente só falavam crioulo, não o português, e tinham muita dificuldade de integração nas escolas. Ajudando as crianças, ajudávamos as famílias também”, recorda.

Mafalda Prista reconhece que o facto de passarem “tanto tempo com as crianças na instituição, permite acompanhar situações de fragilidade nas famílias” e valoriza o espirito de comunidade muito presente na altura em que existia o Bairro 6 de Maio, antes da sua demolição.

“Os meninos são muito transparentes e percebemos quando estão contentes, tristes, quando dormiram, comeram ou não. Conseguimos chegar aos pais e o envolvimento parental é extremamente importante para o bem-estar dos meninos”, valoriza.

Foto: Agência ECCLESIA/LS

O investimento no acompanhamento e educação das crianças, em especial nesta fase entre os primeiros meses de vida e os seis anos, é essencial para a religiosa e professora de formação, pois este é um tempo de aprendizagem.

“Os seis anos é uma fase fundamental no seu crescimento, altura de imprimir valores, despertar interesses; é um tempo em que o que lhes dizemos é sagrado porque elas aprendem e marca-os. É uma missão muito importante e de grande responsabilidade”, sublinha.

Carina Ferreira explica a importância de as crianças brincarem: “É importante ter alguém ao lado deles que os vá mediando, questionando, conversando e fazendo pensar mas é a brincar que aprendemos tudo. Parece algo tão simples mas cai no esquecimento, a importância deste ato, que é inerente às suas idades”, reconhece.

Ao Centro Social 6 de Maio chegam ao longo do ano as crianças que saem da instituição ainda crianças para ingressar no primeiro ciclo; alguns regressam jovens, como voluntários e outros, anos mais tarde, querem confiar ao Centro os seus filhos, facto que muito alegra a instituição.

“Temos crianças simpáticas e felizes”, reconhece a irmã Deolinda Rodrigues.

LS

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