Cursilhos: Mandato de Portugal à frente do Organismo Mundial deixa um legado de «exigência»

D. Francisco Senra Coelho destaca vários objetivos concretizados na hora da passagem de testemunho para o México

Lisboa, 13 jan 2018 (Ecclesia) – Portugal passou recentemente a presidência do Organismo Mundial dos Cursilhos de Cristandade para o México, num encontro com responsáveis daquele país em Fátima.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. Francisco Senra Coelho, bispo auxiliar da Arquidiocese de Braga, e assistente espiritual do OMCC durante os últimos quatro anos, realçou um mandato positivo, em que a prioridade foi “manter o movimento unido e fiel ao carisma” que lhe deu origem.

“O Papa Francisco recomendou muito essa tarefa, no terceiro encontro mundial dos movimentos eclesiais, vivido em novembro de 2014. Aí insistiu naquilo que ele chama o amor primeiro, de onde brota sempre a vida”, salientou aquele responsável.

Para o prelado, todo o carisma fundacional, seja de um movimento, de uma congregação, bem como “do amor de um casal”, precisa de “ser adaptado a cada tempo, evoluir, mas na fidelidade”.

E foi isso que a presidência portuguesa do OMCC procurou fazer, desde 2014, ajudando este movimento, “presente em cerca de 70 países” e “com mais de 6 milhões de membros”, a crescer, “numa caminhada” que procurou ir “onde estão as pessoas”.

O primeiro encontro coordenado por Portugal foi na Austrália, onde reuniram-se os secretariados nacionais do Movimento dos Cursilhos de Cristandade, e onde foi “aprovada definitivamente a terceira edição do Livro Ideias Fundamentais”.

Uma obra que contou com distribuição de mais de 500 mil exemplares nos cinco continentes, nas mais variadas línguas, “incluindo vietnamita, coreano e chinês”.

D. Francisco Senra Coelho destaca a importância desta publicação, que rege “os objetivos, a missão do MCC”, chegar a países onde “o crescimento dos cursilhos está a ser muito grande” e onde o movimento está a dar um contributo “muitíssimo importante e imprescindível para a missão da Igreja”, como acontece “na Coreia do Sul”.

“O MCC no Oceano Pacífico e na Ásia tem de facto uma dinâmica que nos consola muito, que nos abre muitas esperanças” reconhece aquele responsável, que considera a aprovação das ‘Ideias Fundamentais’ como um dos grandes legados deixados à próxima presidência do OMCC.

“É muito fácil nós abrandarmos a exigência de um carisma, fazermos algo de mais mole, de mais leve, e isso não é o caminho correto. O caminho correto é a radicalidade do carisma, porque é sempre algo que vem do coração de Deus e que nos pede um testemunho muito forte”, complementa.

O bispo lembra ainda outros grandes objetivos concretizados durante o mandato português, como a realização da 5.ª Ultreia Mundial do MCC, que teve lugar em Fátima com cerca de 9000 participantes: 5000 vindos de 39 nações e 4000 de Portugal.

Um encontro que teve a particularidade de celebrar o primeiro centenário do nascimento de Eduardo Bonnin (fundador) com a apresentação pública de uma nova biografia e das causas de beatificação tanto de Eduardo Bonnin como de Sebastian Gaya.

D. Francisco Senra Coelho salientou também a consagração do MCC a Nossa Senhora de Fátima e sobretudo a aprovação definitiva dos estatutos do OMCC por parte da Santa Sé.

“O facto de o termos conseguido foi muito importante. Este desafio de sermos fieis à Igreja, e de recebermos o que ela nos pede. A Igreja hoje pede que estejamos em partida, ou seja, que não nos contentemos – porque é sempre a tentação – em fazer os cursilhos de cristandade para quem já está dentro da Igreja, mas que continuemos a percorrer o caminho do risco, das periferias, a ir ao encontro das pessoas que estão de costas para a Igreja, mesmo às vezes contra a Igreja, e que lhes proporcionemos um encontro com a Igreja”, frisa D. Francisco Senra Coelho.

O responsável católico referiu o desafio da família, mas também dos jovens, tanto mais que está “à porta” a realização, este ano, de um Sínodo dos Bispos em Roma dedicado à relação entre a Igreja Católica e as novas gerações.

“É necessário que os cursilhos estejam também presentes nesta grande reflexão e deem o seu contributo de oferecer aos jovens um encontro com Cristo”, conclui.

O MCC tem reconhecimento canónico pela Santa Sé como “Estrutura de coordenação, promoção e difusão da experiência dos cursilhos de Cristandade, tendo personalidade jurídica privada”.

Desde que nasceu em Palma de Maiorca (Espanha) em 1949, o Movimento dos Cursos de Cristandade tem-se configurando como um movimento de evangelização que procura levar a Boa Nova do Amor de Deus a cada pessoa, especialmente aos mais afastados.

O MCC chegou ao nosso país em 1960 e o primeiro cursilho realizou-se em Fátima, de 29 de novembro a 2 de dezembro desse ano.

JCP

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