Covid-19: Secretário-geral da ACEGE destaca dificuldades das empresas e sinais de atenção aos profissionais, em tempos de pandemia

Jorge Líbano Monteiro considera que mundo empresarial pode «ganhar muito» com «humanização da economia»

Foto: Lusa

Lisboa, 27 abr 2020 (Ecclesia) – O secretário-geral da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) admitiu que há empresas que têm de tomar “decisões, muitas vezes, dramáticas” por causa da pandemia Covid-19.

“As decisões muitas vezes são dramáticas e temos empresas que, de um dia para o outro, passaram a ter 0% de receita em relação aos meses anteriores. Muitos empresários estão neste momento com decisões muito difíceis de saber como é que vão manter a empresa, como é que garantem a liquidez suficiente para fazer os pagamentos”, assinalou Jorge Líbano Monteiro em entrevista à Agência ECCLESIA.

O responsável dá conta, por outro lado, de medidas “muito bonitas” tomadas durante este período.

“Um grande grupo hotelaria percebendo que muitos colaboradores tinham família afetada com situações de perda de rendimentos adiantaram o subsídio de férias para os trabalhadores poderem aguentar e prometeram um prémio de desempenho para dezembro”, exemplificou.

Em entrevista que é emitida hoje no programa ECCLESIA, pelas 22h45, na Antena 1 da rádio pública, abordam-se os impactos e as consequências da pandemia do Covid-19 no mundo laboral.

O secretário geral da ACEGE explicou que a “lógica” proposta aos associados é a de manter os postos de trabalho, “dar alguma segurança aos seus colaboradores”, inclusive com empresas que “distribuíram prémios” para ajudar a ultrapassar esta fase.

Jorge Líbano Monteiro realça que a Doutrina Social da Igreja (DSI) defende que cada empresa seja “uma comunidade de pessoas, com interesses diferentes, unidas para poder produzir bens e serviços” e hoje “nota-se isso”, com os líderes que “precisam dos seus colaboradores”, e os trabalhadores precisam de líderes que “tenham capacidade, rasgo, perceber que todos são importantes para as empresas”.

Outra realidade “interessante” que se tem vivido neste tempo de isolamento social, para o secretário-geral da ACEGE é uma maior presença da família no dia-a-dia das empresas com o “teletrabalho” onde “aparecem os filhos, a mulher, a realidade familiar” nas reuniões online.

“Os trabalhadores não são números, são pessoas com as suas famílias, mas também os líderes, os empresários, os acionistas, e investidores são pessoas com famílias”, desenvolveu, sobre uma “humanização da economia” com a qual o mundo empresarial pode “ganhar muito”.

O entrevistado afirma que, se calhar, no atual contexto económico é o momento em que “o empresário vai ter de perder dinheiro”, uma vez que “é preciso olhar para a crise com generosidade” depois de um “raciocínio mais económico”.

Jorge Líbano Monteiro assinala que “é muito mais difícil, é muito mais dramático” “ser obrigado” a um isolamento social com situações de pessoas que estão a “perder um emprego” ou uma redução do salário por causa do lay-off, com “quase um milhão de pessoas nestas situações”.

O secretário-geral da ACEGE considera que esta fase é “aquela em que o Estado tem de apoiar as empresas”, em particular as mais pequenas até 10 colaboradores, com a certeza de que a retoma “vai ser lenta”.

Na semana em que se assinala o Dia do Trabalhador, o Programa Ecclesia na Antena da rádio pública vai conversar com responsáveis de movimentos católicos ligados ao mundo laboral.

LS/CB/OC

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