Covid-19: Pandemia questionou noção de «autossuficiência» nas comunidades católicas – D. Armando Esteves Domingues (c/vídeo)

Debate sobre notas da Conferência Episcopal destacou importância de promover mudança a partir de experiência traumática

Lisboa, 17 fev 2021 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização disse hoje, num debate online, que a pandemia veio questionar uma noção de “autossuficiência” nas comunidades católicas.

“Tínhamos estruturas para os outros, agora temos de ter estruturas para os outros”, indicou D. Armando Esteves Domingues, numa iniciativa promovida pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais e a Agência ECCLESIA.

O bispo auxiliar do Porto destacou que o campo da missão se “alargou”, mesmo com o confinamento e as igrejas fechadas.

“Muito da nossa evangelização vai ser feita de forma transversal”, acrescentou.

Os debates com o tema ‘O desafio da (i)Humanidade de grupo’, que se vão prolongar em todas as quartas-feiras da Quaresma, abordam os recentes documentos da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), sobre as crises provocadas pela Covid-19: Recomeçar e reconstruir e Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal.

O presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização considerou que “tem de ser o amor a recompor relações”, após a pandemia, propondo uma recuperação económica “a partir dos últimos” e uma ação da Igreja que coloque no seu centro as “periferias”.

D. Armando Esteves Domingues destacou as marcas individuais e comunitárias que a pandemia vai deixar, sobretudo nos mais velhos, lamentando que a sociedade continue “sem grandes respostas” para a solidão.

Para o responsável, o “lugar natural” dos idosos é a família, pelo que o Estado deve permitir que estas tenham condições para os acolher.

O bispo auxiliar do Porto falou num tempo de várias crises, em que a Covid-19 é a “a ponta do icebergue de outras pandemias”.

Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), foi o outro conferencista convidado, assinalando que existe a “oportunidade de reconstruir a sociedade, sobre novas bases”.

Após referir que a pandemia veio acentuar “desigualdades”, o responsável lamentou que “nesta terceira vaga, as pessoas sacrificadas são as mesmas da segunda e da primeira”.

O jurista saudou a “redescoberta do valor da vida humana”, durante a crise sanitária, observando que os sacrifícios do confinamento acontecem “em função de um bem maior”.

Nesse contexto, lamentou a legalização da eutanásia em plena pandemia, considerando que esta decisão do Parlamento vem até “desvirtuar a missão dos profissionais de saúde”.

O presidente da CNJP destacou também a redescoberta do bem comum, com a consciência de que a pandemia só se superar com a proteção de todos, independentemente da sua situação social ou nacionalidade.

A sessão foi iniciada por D. João Lavrador, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, que deu as boas-vindas aos participantes.

O bispo de Angra saudou uma “belíssima iniciativa”, que visa “marcar o ritmo” das várias semanas da preparação para a Páscoa.

O ciclo “O desafio da (i)humanidade de grupo” prossegue a 24 de fevereiro e 3 de março, analisando o documento “Recomeçar e reconstruir”; a 10 e 17 de março, o debate vai ser em torno do segundo documento da CEP, sobre a vivência da fé em tempo de pandemia; a 24 de março, a última sessão propõe uma síntese de todas as anteriores.

OC

Covid-19: Ciclo de debates «O desafio da (i)humanidade de grupo» analisa consequências «sociais e pastorais» da pandemia

 

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