COP29: Papa deixa apelo à cimeira do clima

Francisco espera «contributo eficaz» dos responsáveis reunidos em Baku

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 10 nov 2024 (Ecclesia) – O Papa pediu hoje, no Vaticano, que a cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas ofereça um “contributo eficaz” para a defesa do ambiente, em todo o mundo.

“Espero que a conferência sobre as alterações climáticas, a COP 29, que começa amanhã em Baku, dê um contributo eficaz para a proteção da nossa casa comum”, disse, após a recitação do ângelus.

Francisco recordou ainda que, há três anos, foi lançada a plataforma de ação ‘Laudato Si’, inspirada na sua encíclica social e ecológica de 2015.

“Agradeço a todos os que trabalham em prol desta iniciativa”, referiu.

Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o Papa associou-se ao “Dia de Ação de Graças”, promovido anualmente pela Igreja Católica na Itália.

“Expresso a minha gratidão ao mundo da agricultura e encorajo as pessoas a cultivar a terra de modo a preservar a sua fertilidade, também para as gerações futuras”, apelou.

A 4 de outubro de 2023, o Papa publicou a exortação apostólica ‘Laudate Deum’ (Louvai a Deus), sobre o tema da ecologia integral, alertando para a possibilidade de se estar a chegar ao “ponto de rutura” na crise ambiental.

“Este mundo que nos acolhe está a esboroar-se e talvez a aproximar-se dum ponto de rutura. Independentemente desta possibilidade, não há dúvida de que o impacto da mudança climática prejudicará cada vez mais a vida de muitas pessoas e famílias”, escreve Francisco, num texto que dá continuidade à reflexão da encíclica ‘Laudato Si’.

A exortação considera que as alterações climáticas são “um problema social global que está intimamente ligado à dignidade da vida humana”, justificando a reflexão pontifícia sobre o tema.

O Papa questiona os que negam está mudança, ao referir-se a uma “doença silenciosa que afeta todos”.

Segundo a ‘Laudate Deum’, que cita dados científicos recentes, a humanidade enfrenta “uma aceleração insólita do aquecimento”.

“A origem humana – ‘antrópica’ – da mudança climática já não se pode pôr em dúvida”, sustenta o pontífice.

Francisco aponta o dedo à “reduzida percentagem mais rica do planeta”, que polui mais do que os mais pobres.

“Provavelmente, dentro de poucos anos, muitas populações terão de deslocar as suas casas por causa destes fenómenos”, adverte.

O documento responde a objeções contra a transição para formas renováveis de energia, pelo seu custo económico, afirmando que “milhões de pessoas perdem o emprego devido às diversas consequências da mudança climática”.

O Papa apela, por isso, a uma redução do uso de combustíveis fósseis e ao desenvolvimento de formas de energia mais limpa, para travar o “crescimento acelerado das emissões de gases com efeito estufa”.

“É real a possibilidade de alcançar um ponto de viragem”, aponta, admitindo que há danos “irreversíveis”, pelo menos durante centenas de anos, como “o aumento da temperatura global dos oceanos, a acidificação e a redução do oxigénio”.

Francisco mostra-se preocupado com o facto de “tantas espécies estarem a desaparecer e a crise climática estar a pôr em perigo a vida de tantos seres”.

“As outras criaturas deste mundo deixaram de ser nossas companheiras de viagem para se tornar nossas vítimas”, denuncia.

A COP29 decorre em Baku, capital do Azerbaijão, entre 11 e 22 de novembro; a delegação portuguesa vai ser presidida pela ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, e Portugal terá um pavilhão próprio com 55 iniciativas.

Em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, a ‘Oikos’ e a associação Zero lançou uma série de seis apelos a “compromissos” na COP29, lamentando que se espera uma “conferência morna num mundo cada vez mais quente”.

As duas associações esperam que os países cheguem a acordo para a plena operacionalização do Objetivo Global de Adaptação (GGA) até 2025.

“O chamado NCQG (New Collective Quantified Goal) – em português, Nova Meta Quantificada Coletiva – irá dominar as negociações da COP29 na expectativa de um acordo baseado nas necessidades e prioridades dos países em desenvolvimento, e que seja significativamente mais ambicioso”, acrescenta a nota.

OC

COP 29: Fundação Fé e Cooperação apela por «eliminação urgente de todos os combustíveis fósseis»

 

Partilhar:
Scroll to Top