Congresso Missionário 2022: Presidente da Conferência Episcopal convida religiões a colocar-se ao serviço da «vida de todos» (c/fotos)

Trabalhos começaram com mensagem do Papa em defesa de uma nova fraternidade

Lisboa, 14 out 2022 (Ecclesia) – D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), desafiou hoje as várias comunidades religiosas a colocar-se ao serviço do “bem comum” e da “vida de todos”, assegurando um futuro de paz para a humanidade e a sobrevivência do planeta.

O bispo de Leiria-Fátima falava na abertura do Congresso Missionário 2022, ‘Fraternidade sem fronteiras’, destacando a importância de encontros do género para construir “novos tipos de relacionamentos”, num “esforço de conjugação das diferenças”.

O evento realiza-se no auditório Cardeal Medeiros da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

O presidente da CEP sublinhou que a valorização dos “diversos modos de entender o que significa crer” não implica qualquer “relativismo”.

“A realidade religiosa constitui uma das mais mobilizadoras energias da pessoa humana”, indicou.

Para o responsável católico, o diálogo entre crentes é fundamental para evitar a “negação, manipulação ou repressão” do fenómeno religioso, que pode levar a “radicais movimentos pessoais e sociais de rejeição daquilo que é diferente”.

D. José Ornelas apontou como caminhos de compromisso comum das religiões a construção da paz e defesa da natureza, evitando a “autodestruição” da humanidade.

Ou somos cuidadores, procurando convergências possíveis para caminhos comuns, com a especificidade de cada um, ou então vamos deixar que uns se apoderem de tudo e outros fiquem na miséria”.

A construção desta fraternidade, indicou D. José Ornelas, exige “humildade”.

“Não sejamos predadores uns dos outros e desta casa comum, mas sejamos cuidadores”, insistiu.

Os trabalhos começaram com uma mensagem do Papa, enviada através do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, destacando “o anseio mundial da fraternidade, como filhos desta terra que nos alberga todos”.

O texto, lido pelo padre Manuel Barbosa, secretário da CEP, destacou a importância do diálogo entre religiões, “cada qual com a sua própria voz, mas todos irmãos”.

“Em 1986, o Papa João Paulo II sonhou com um futuro de paz resultante também do caminho comum dos crentes, cujo sinal de partida e estilo de marcha ficavam dados com a convocação dos líderes das religiões mundiais, então realizada em Assis. A alguns pareceu otimismo vazio, mas, com o passar dos anos, cresceu a partilha e amadureceram histórias de diálogo entre mundos religiosos diferentes, que inspiraram percursos de paz”, observa o cardeal Parolin.

A mensagem desafiou os participantes a entrar no “espírito de Assis”, que gerou “uma linguagem comum entre crentes sobre alguns problemas essenciais, ao mesmo tempo que se foi desenvolvendo um clima de amizade”.

O colaborador do Papa destacou que, “se não houver diálogo, haverá ignorância ou guerra”, como consequências do desconhecimento recíproco.

“Precisamos da colaboração de todas as religiões, nomeadamente para desautorizar toda e qualquer violência em nome de Deus”, sustentou.

As divergências e os conflitos não são negados nem dissimulados, mas assumidos e não para se ficar bloqueado dentro deles – o conflito nunca pode ser a última palavra -, mas para abrir novos processos numa dinâmica em que cada um fala com liberdade, mas também escuta e está disponível a aprender e a mudar”

A sessão de abertura contou ainda com a intervenção do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva deixou no congresso a convite a preparar a celebração do próximo dia 22 de junho, Dia da Liberdade Religiosa e do Diálogo Inter-religioso, num trabalho conjunto entre o Parlamento e as confissões religiosas.

O congresso é organizado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG) e Obras Missionárias Pontifícias (OMP).

Os trabalhos partem do documento de Abu Dhabi – a declaração centrada na fraternidade humana assinada pelo Papa Francisco e pelo grande imã de Al-Azhar – principal autoridade do Islão sunita – Ahmad Al-Tayyeb, a 4 de fevereiro de 2019, nos Emirados Árabes Unidos.

O Congresso Missionário 2022 realiza-se de forma presencial e por transmissão direta através do site www.conferenciaepiscopal.pt/congressomissio22.

Mais de 450 pessoas estão inscritas, com participação presencial e online.

OC

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