Congresso Eucarístico e um programa para a Igreja em Portugal

Paulo Rocha, Agência Ecclesia

Foto: Agência ECCLESIA

O Congresso Eucarístico realizado em Braga ainda não terminou. As conclusões ofereceram pistas de ação de largos horizontes, para muitas décadas, e a homilia na Missa de encerramento, presidida pelo cardeal D. José Tolentino Mendonça, ofereceu todas as coordenadas, de forma muito atual, para encontrar na Eucaristia “o mapa e a viagem” para a Igreja Católica nos dias de hoje.

De facto, há um programa por cumprir, a partir do V Congresso. Não se trata de mais um programa, mas da possibilidade do seguimento de Jesus Cristo, nos dias de hoje, em diálogo com todos os outros, com a espaço para propor um contributo relevante à vida feliz de cada pessoa e ao bem de todos. Como? Seguindo as propostas deixadas pelo cardeal Tolentino Mendonça, em dias marcados pelo movimento sinodal e pela realização da Jornada Mundial da Juventude. Porque “há uma frescura, há um odor a Evangelho vivo, há uma imaginação do bem, que os nossos contemporâneos esperam da Igreja Portuguesa”.

É claro o programa deixado no alto do Sameiro, com a cidade de Braga e todo o país diante dos olhos.

Primeiro ser uma Igreja Eucarística. O que significa isso? “Uma Igreja que não se coloca a si mesma como prioridade, mas no centro coloca Cristo”; “uma Igreja eucarística é o contrário de uma Igreja clericalista: é uma Igreja configurada sinodalmente, que valoriza a participação de todos os batizados, que reconhece o papel do ministério ordenado, que cuida dos seus pastores e os acarinha, que investe nos ministérios laicais, que promove uma cultura eclesial de co-responsabilidade, que lê com profecia o lugar da mulher na Igreja”.

Depois, uma Igreja Samaritana: “que atualiza a linguagem da compaixão”, “de proximidade, não indiferente nem esquiva”, “especialista em humanidade”, “enamorada pelo Evangelho e mobilizada pelo Seu anúncio”, “que multiplica os tempos de escuta, capaz de ser artesã de encontros para lá da sua zona de conforto ou do seu perímetro habitual”, “que sabe existir não para condenar o mundo, mas para lhe dar o pão que exprime o amor sem limites.

O cardeal Tolentino Mendonça aponta, em terceiro lugar, para uma Igreja mariana, com marcas de uma espiritualidade muito precisas: a gentileza, “expressão de um coração desarmado e manso, capaz de substituir a agressividade pela doçura e o conflito pelo reconhecimento das razões do outro”; a contemplação, que faça “prevalecer, em vez de uma máquina funcionalista, a sua dimensão mística”, que se coloca “a caminho, peregrina das perguntas em vez de rotineira gestora de respostas”; e a beleza, “o nutrimento da alma, sem o qual ela não persiste, nem ganha asas”.

Três possibilidades para ser hoje presença relevante, dar continuidade ao seguimento do Mestre, nas circunstâncias atuais. E com um desígnio fundamental: construir fraternidade. Aliás, foi por esse propósito que iniciou, no encerramento do V Congresso Eucarístico Nacional, o cardeal D. José Tolentino Mendonça, conjugando o mandato de “partilhar o Pão”:  “O pão que se concentra apenas na sua autopreservação depressa endurece e ganha bolor. Só quem aceita a lição de Jesus descobre a própria existência como sementeira, transmissão de afecto, inscrição da esperança, nutrimento fraterno”.

Um programa a merecer ser seguido, não pelos excertos deste texto… O melhor mesmo é tomar a homilia na íntegra do cardeal Tolentino Mendonça, em cada dia. Por todos os dias são oportunidade de novos passos nesse ideal de fraternidade.

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