Confessionário  ou consultório?

Luísa Gonçalves, Diocese do Funchal

Um destes dias dei por mim a refletir sobre uma frase que ouvi algures, segundo a qual: “enquanto os confessionários das igrejas se esvaziam, os consultórios dos psicólogos estão cada vez mais cheios”.

Se pensarmos bem, somos confrontados com esta realidade dos nossos dias pois, de facto, o crescendo desta prática clínica é uma forma das pessoas procurarem ir ao encontro de quem oferece um espaço de escuta a alguém que apresenta uma necessidade psíquica, um sofrimento interior.

Tal como acontece na confissão, a ida ao psicólogo oferece um momento no qual, quem sofre sente-se verdadeiramente ouvido na sua dor e bem aconselhado, sentindo-se aliviado e orientado.

Se se diz que o sacramento da penitência, também tem efeitos terapêuticos e possibilita a recuperação da harmonia, então porque será que cada vez mais pessoas fogem dos confessionários. Será que a prática tem diminuído devido à perda de consciência e de sentido do pecado, além da resistência do ser humano para reconhecer as suas fraquezas ou haverá outras razões?

Há quem defenda que para que a confissão voltasse a estar na “moda”, devia ser encarada de outra forma também pelos sacerdotes. Era preciso que estes tivessem disponibilidade e sobretudo tempo para o sacramento, acabando com as apressadas confissões em massa realizadas durante a Quaresma e o Advento, para cumprimento do preceito de se confessar pelo menos uma vez no ano.

É certo que os psicólogos, com a sua formação especializada e abordagem experienciada, oferecem um espaço seguro e confidencial para explorar as questões complexas e fornecer técnicas e estratégias eficazes para lidar com desafios emocionais. Porém, a confissão também é um meio pelo qual os fiéis podem receber o perdão divino de Deus, através do sacerdote e assim se sentirem mais em paz.

Além disso, durante o sacramento da confissão – a tal com tempo – os sacerdotes muitas vezes também oferecem orientação espiritual e conselhos práticos para ajudar os fiéis a lidar com seus desafios pessoais e a crescer na fé, orientação essa que é muito valiosa para os crentes que procuram uma vida reta e vivências de acordo com os ensinamentos da Igreja.

Estamos na Quaresma, tempo propício para que os fiéis sejam encorajados a praticar a penitência através do jejum, abstinência, oração e caridade.  E num excelente momento para meditar sobre os ensinamentos de Cristo, a sua paixão e sacrifício, e o que isso significa para a vida de cada um de nós.

Já agora, por falar em cumprir preceitos, não se esqueça de ir votar. Hoje é dia de ir às urnas “confessar”, qual dos partidos merece o seu voto para que o país possa crescer e proporcionar a todos os mesmos direitos e regalias.

Não fique em casa. Não fique a achar que o seu voto não vai fazer a diferença porque, com o devido respeito, isto é escolher entre confissão e psicólogo, cada um na hora certa tem os seus benefícios…

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