Brasil: Rede Eclesial Pan-Amazónica alerta para conflitos que perseguem «camponeses, indígenas e outros povos tradicionais»

«Não é possível ficarmos indiferentes», afirmam após ataque que fez um morto e nove pessoas ficaram feridas

Brasília, 09 jan 2019 (Ecclesia) – A Rede Eclesial Pan-Amazónica/REPAM-Brasil afirma que “não é possível” ficarem “indiferentes” aos conflitos agrários que fazem vítimas e reforçam “situações de injustiça”, após o ataque que fez um morto e feriu nove pessoas no Estado de Mato Grosso.

“Não é possível ficarmos indiferentes à situação de conflitos que se tem agravado na Amazónia, a partir do fortalecimento de ideias persecutórias aos camponeses, indígenas e outros povos tradicionais. O que resulta em ataques covardes, desrespeito ao meio ambiente e indiferença estatal”, lê-se num comunicado divulgado online.

Um morto – Eliseu Queres – e nove pessoas feridas, três em estado grave, é o resultado de um ataque de pessoas armadas a um grupo de trabalhadores que vive na Fazenda Agropecuária Bauru, conhecida como Fazenda Magali, este sábado, dia 5 de janeiro, no Município de Colniza, no noroeste de Mato Grosso.

A Rede Eclesial Pan-Amazónica/REPAM-Brasil observa que as dez vítimas faziam parte de “movimentos sociais ligados à defesa e luta pela terra”, o que indica uma possível “tentativa de enfraquecer” grupos contrários “às práticas de grilagem de terras públicas” [fraude e falsificação de títulos de propriedade] e de exploração por parte de grupos político-económicos que “mancha a vida e os direitos sociais e humanos”.

Os presidentes da REPAM e da REPAM-Brasil, respetivamente o cardeal Cláudio Hummes e D. Erwin Kräutler, manifestam “solidariedade às famílias” dos camponeses que “têm sido ameaçados há meses” e declaram disponibilidade ao bispo de Juína D. Neri Tondello com quem pretendem “continuar contribuindo no fortalecimento da defesa da vida”.

“À luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, queremos continuar nos empenhando no apoio às lutas pela regularização fundiária e demarcação dos territórios dos povos e comunidades tradicionais”, asseguram no documento publicado no site da Rede Eclesial Pan-Amazónica.

Em outubro deste ano vai realizar-se o Sínodo especial dos Bispos dedicado à Amazónia com o tema ‘Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral’, uma assembleia anunciada pelo Papa Francisco a 15 de outubro de 2017.

“A tarefa evangelizadora convida a trabalhar contra as desigualdades sociais e a falta de solidariedade através da promoção da caridade e da justiça, da compaixão e do cuidado, entre nós, sim, mas também com os outros seres, animais e plantas, e com toda a criação”, lê-se no documento preparatório do sínodo 2019.

CB/OC

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