Braga: Seminário Conciliar reflete sobre figura do sacerdote através da «arte cuidada» do cinema

«Conseguimos elevar algo que é o discernimento da realidade» – padre Joaquim Félix de Carvalho

Fotograma do filme ‘Corpus Christi’

Braga, 15 fev 2022 (Ecclesia) – O Seminário Conciliar da Arquidiocese de Braga está a promover um ciclo de cinema sobre as representações do sacerdócio, propondo uma reflexão a partir desta “arte que é cuidada”.

“Esta ideia nasce numa programação aberta e muito diversificada para comemorar os 450 anos da fundação do seminário conciliar e nesse quadro vasto, que inclui um congresso internacional em novembro, temos também a dimensão cultural e de reflexão que se faz a outros âmbitos”, explicou o padre Joaquim Félix de Carvalho, vice-reitor da instituição, em declarações à Agência ECCLESIA.

O ciclo de cinema ‘Vasos de Barro, Figurações do padre na lente do cinema’ começou a 10 de fevereiro, com a ajuda de três filmes.

“Esta arte, que é cuidada, pensada ao detalhe, consegue levar para outro nível a própria problematização, um sentido crítico da realidade, porque se não caímos rapidamente no subterfúgio da rotina. E, desta forma, conseguimos elevar algo que é o discernimento da realidade”, assinalou o padre Joaquim Félix de Carvalho.

“Se temos esta arte do cinema, que nos permite aprofundar o nosso olhar, até aproximá-lo de Deus, porque não explorar”, acrescentou o sacerdote, professor na Faculdade de Teologia- núcleo de Braga – da Universidade Católica Portuguesa.

Esta quinta-feira, vai ser apresentado o segundo filme do ciclo, o drama ‘No coração da escuridão’, de Paul Schrader, e convidaram o músico e poeta Adolfo Luxúria Canibal para fazer a exegese cinematográfica no final.

O padre Joaquim Félix de Carvalho explica que neste filme, fora “do âmbito católico”, é apresentado um pastor de uma Igreja reformada, que vai para a “reconsagração de uma Igreja” onde se estabelecem muitas relações que são próprias de um padre “estando na comunidade, na sociedade, na relação institucional.

A 24 de fevereiro, o ciclo termina com ‘Graças a Deus’, um filme de François Ozon, que “vai tocar na questão dos abusos sexuais” cometidos por padres, consagrados, religiosos, ou pessoas que trabalham nas instituições religiosas.

“Um filme que enuncia o problema de uma forma respeitosa, que caminha. Basta ler as críticas na imprensa francesa”, realçou o vice-reitor do Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo.

O comentário vai ser feito por filme Alzira Fernandes, leiga consagrada, professora, que trabalhou no Colégio das Caldinhas, dos Jesuítas, em Santo Tirso, e que foi durante “muito tempo” voluntária na Comunidade ecuménica de Taizé e “conhece profundamente a realidade francesa”.

“Tem o apoio até de pessoas que em França ajudam a ler este filme e, de alguma forma, trazer para Portugal uma leitura mais profunda de como se processou aquela situação”, realçou o padre Joaquim Félix de Carvalho.

O ciclo ‘Vasos de Barro, Figurações do padre na lente do cinema’ está a decorrer no ‘Espaço Vita’, da Arquidiocese de Braga; as sessões, de entrada livre, começam às 21h15.

A primeira obra apresentada foi o filme polaco ‘Corpus Christi’, de Jan Komasa, com comentários do professor de Artes Dramática e encenador José Miguel Braga.

As recensões dos filmes foram escritas pelo padre Miguel Miranda, da Arquidiocese de Braga, que colaborou na organização deste ciclo de cinema.

OC/CB

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