Bíblia: Comissão da CEP divulga nova tradução para «drama histórico» de Ester

Texto do Antigo Testamento é um dos três livros bíblicos com nome de mulher

Lisboa, 02 dez 2024 (Ecclesia) – A Comissão que coordena a tradução da Bíblia da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) lançou este domingo a nova versão do Livro de Ester, “drama histórico” e um dos três textos bíblicos com nome de mulher.

“Este livro recebeu o nome da sua heroína, a rainha Ester, nome que em grego significa estrela. A obra apresenta-se sob a forma de um drama histórico, que se desenrola na corte do império persa”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

Os responsáveis pela tradução indicam que as cinco personagens deste livro “representam, respetivamente, o povo justo (Mardoqueu e Ester), o povo ímpio (Vasti e Haman) e as vicissitudes da história (o rei Assuero) que ditam o Purim, isto é, sortes ou o desenlace final dos acontecimentos”.

O livro de Ester “parte de uma situação desesperada, em que a rainha Vasti foi objeto de degradação, por ter desobedecido a uma ordem do rei, e de uma sentença de extermínio emitida contra o povo de Israel pelo rei Assuero, instigado pelo iníquo Haman”.

Esta situação sofre uma reviravolta imprevisível a favor dos que fazem o bem: a nomeação de Ester como rainha, a exaltação de Mardoqueu e a salvação do povo de Israel, confirmada com o extermínio dos seus adversários. Não se trata propriamente de uma narrativa histórica. É uma narrativa ficcional de ambientação histórica”.

A comissão da CEP precisa que existem duas versões desta história: “a versão hebraica, é mais breve e parece colocar a ênfase principalmente no aspeto moral; a versão grega, por seu lado, tem um enfoque mais explicitamente teológico, acentuado pela inserção de orações e é, por conseguinte, mais longa”.

Os especialistas assinala que o relato pretende enquadrar-se na época persa, que durou entre 538 e 333 a.C.; mas o contexto de perseguição e a apresentação da cultura estrangeira como uma ameaça correspondem mais provavelmente às condições da época macabaica (séc. II a.C.).

“Provavelmente o livro de Ester entrou nas Escrituras judaicas para legitimar, canonizar e nacionalizar em Israel a festa de Purim, que não aparece na lista de festas de Ex 34,18-27. De origem agrícola e pagã, esta festa era celebrada na diáspora a meados de março, na iminência da primavera”, acrescentam.

A tradução provisória está disponível para download no site da Conferência Episcopal Portuguesa, podendo sugestões e comentários ser enviados através do endereço eletrónico biblia.cep@gmail.com.

A Comissão Coordenadora da Tradução da Bíblia da CEP convida a comunidade a “envolver-se no processo de tradução e revisão deste documento e dispõe-se a acolher o contributo dos leitores, em ordem ao melhoramento da compreensibilidade do texto”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

Em março de 2019, a Conferência Episcopal Portuguesa apresentou o primeiro volume da nova tradução da Bíblia em português feita por 34 investigadores a partir das línguas originais, com a publicação da edição de ‘Os Quatro Evangelhos e os Salmos’.

Desde agosto de 2021, um novo livro da Bíblia é disponibilizado mensalmente em formato digital e divulgado pela Agência ECCLESIA.

OC

 

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