Bento XVI: Encíclica a quatro mãos marcou passagem para o pontificado de Francisco

«Lumen Fidei» foi a primeira encíclica do atual Papa, encerrando trilogia sobre as virtudes teologais iniciada pelo seu antecessor

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 31 dez 2022 (Ecclesia) – A primeira encíclica do Papa Francisco, denominada ‘Lumen fidei’ (Luz da Fé), apresentada em julho de 2013, encerrou a trilogia iniciada por Bento XVI sobre as virtudes teologais (fé, esperança e caridade).

O falecido Papa emérito publicou em janeiro de 2006 a ‘Deus caritas est’ (Deus é amor) e a segunda parte da trilogia, ‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) foi assinada em 2007.

“Estas considerações sobre a fé – em continuidade com tudo o que o magistério da Igreja pronunciou acerca desta virtude teologal – pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento XVI escreveu nas cartas encíclicas sobre a caridade e a esperança”, sublinhava o atual Papa, na ‘Lumen Fidei’.

Francisco agradece ao seu predecessor por ter convocado um Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), que teve início no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II.

“A fé não é só uma opção individual que se realiza na interioridade do crente, não é uma relação isolada entre o ‘eu’ do fiel e o ‘Tu’ divino, entre o sujeito autónomo e Deus, mas, por sua natureza, abre-se ao ‘nós’, verifica-se sempre dentro da comunhão da Igreja”, escreve.

A reflexão iniciada por Bento XVI e concluída por Francisco, que agradece o trabalho do seu predecessor neste texto, sustenta que a “profissão de fé” é mais do que concordar com “um conjunto de verdades abstratas”.

Ele já tinha quase concluído um primeiro esboço desta carta encíclica sobre a fé. Estou-lhe profundamente agradecido e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar ao texto qualquer nova contribuição. De facto, o Sucessor de Pedro, ontem, hoje e amanhã, sempre está chamado a ‘confirmar os irmãos’ no tesouro incomensurável da fé que Deus dá a cada homem como luz para o seu caminho”.

A encíclica cita a obra ‘O Idiota’, do russo Dostoievski (1821-1881) para falar dos “efeitos destruidores da morte no corpo de Cristo”.

“É precisamente na contemplação da morte de Jesus que a fé se reforça e recebe uma luz fulgurante, é quando ela se revela como fé no seu amor inabalável por nós”, escreve Francisco.

OC

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