«Ano Laudato Si»: Vaticano apela a transição energética, com descarbonização do setor

Novo documento propõe medidas práticas para aplicar encíclica do Papa Francisco

Cidade do Vaticano, 18 jun 2020 (Ecclesia) – Um novo documento do Vaticano dedicado à ecologia defende a descarbonização do setor energético e económico, apelando ao investimento em energia “limpa e renovável”, acessível a todos.

‘A caminho para o cuidado da casa comum – Cinco anos depois da Laudato Si’, livro com mais de 200 páginas elaborado pela mesa interdicasterial da Santa Sé sobre a ecologia integral, pede um compromisso com o desenvolvimento sustentável, para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

O texto aborda a necessidade de uma “transição para energias disponíveis para todos”, com menor impacto sobre a saúde humana e o ambiente, procurando “promover a eficiência energética e a sobriedade nos consumos”.

O Vaticano alerta para a poluição provocada durante a produção, transporte, distribuição e consumo de energia, com os desperdícios associados a este ciclo, centrando a sua atenção na mobilidade urbana.

“É preciso promover transportes menos poluentes, tendo em consideração não só o combustível mas também o ciclo de vida dos veículos”, pode ler-se.

Os católicos são desafiados a promover o uso de alternativas como a bicicleta ou os transportes públicos, com “estilos e modelos de consumo sustentáveis” no seu dia a dia.

Ao setor privado é lançado o convite de procurar “economias ecologicamente mais sustentáveis” e inclusivas que respeitem os pobres, marginalizados e pessoas com deficiência, entre outros.

O documento do Vaticano propõe uma educação para a “cidadania ecológica”, que aprenda também com as tradições dos povos indígenas.

Outras preocupações apresentadas ligam-se com a habitação e o trabalho, em particular nas cidades, denunciando “novas formas de escravatura” e os riscos colocados pelas “máquinas e as novas tecnologias”, no campo laboral.

O último capítulo do texto é dedicado ao compromisso do Estado da Cidade do Vaticano para aplicar as indicações da “Laudato Si”: recolha seletiva de resíduos  e reciclagem; proteção dos recursos hídricos ; cuidado de áreas verdes (redução progressiva de agrotóxicos); consumo de recursos energéticos (em 2008, um sistema fotovoltaico foi instalado no telhado do Auditório Paulo VI; os novos sistemas de iluminação LED na Capela Sistina, na Praça de São Pedro e na Basílica do Vaticano reduziram os custos em 60, 70 e 80 por cento, respetivamente).

A 24 de maio, o Papa assinalou no Vaticano o quinto aniversário da sua encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’, lançando um ano especial que decorre até maio de 2021, com o objetivo de “chamar a atenção para o grito da terra e dos pobres”.

OC

Partilhar:
Scroll to Top