Silves, Faro, 03 abr 2012 (Ecclesia) – Notável prosador, teólogo, filósofo, moralista, exegeta: foi desta forma que a historiadora Nair Castro Soares descreveu D. Jerónimo Osório, último bispo de Silves, numa conferência na catedral daquela cidade algarvia.
Segundo a historiadora, D. Jerónimo foi “admirador de Cícero, cujas características de linguagem assimilou e soube usar como poucos, foi precursor, no estilo, de outros notáveis escritores/pensadores portugueses, como o Padre António Vieira”, realça um comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.
A docente da Faculdade de Letras de Coimbra que proferiu a conferência na última sexta-feira recordou também o percurso académico de D. Jerónimo Osório, que estudou nas melhores escolas do seu tempo, tendo passado por Salamanca, Paris, Bolonha e Coimbra, onde viria a lecionar.
“Estudou Teologia, Filosofia e as línguas clássicas, tendo-se notabilizado pela sua capacidade e conhecimento do Latim – língua que usou para escrever as suas obras – e do Hebreu”, disse.
A investigadora recordou a vida e obra deste clérigo, no dia em que se completavam 435 anos da mudança do Bispado de Silves para Faro (em 1577) e se formava, então, a Diocese do Algarve.
“Humanista de vulto”, revelou-se, conforme salientou Nair Castro Soares, um “fervoroso defensor da Igreja e da sua unidade, sendo fortemente contra a Reforma protestante, tendo mesmo enviado cartas à Rainha de Inglaterra, Isabel I e aos seus mais diretos concelheiros e teólogos, afirmando veementemente a sua oposição à separação dos Anglicanos em relação à Igreja Católica e contrapondo os argumentos por estes usados na justificação dessa separação”.
LFS