Algarve: Bispo destaca que redistribuição da diocese «por regiões pastorais» está «a dar frutos», com os «leigos envolvidos»

«A sinodalidade vem-nos dar razão, vem dizer-nos que esse é o caminho que temos que seguir» – D. Manuel Quintas

Albufeira, 16 jan 2024 (Ecclesia) – O bispo do Algarve analisou positivamente a “redistribuição” territorial da diocese em “três regiões pastorais”, “ainda em fase experimental”, em vez das quatro vigararias que agrupavam as paróquias, que iniciaram antes do “caminho da sinodalidade” do atual Sínodo.

“A sinodalidade vem-nos dar razão, vem dizer-nos que esse é o caminho que temos que seguir, e se havia da nossa parte, da parte do clero, algum mais hesitante a esse nível, que nem sempre são os mais velhos, os mais idosos que resistem à mudança ou à inovação, também entre os mais novos”, disse hoje D. Manuel Quintas, à Agência ECCLESIA.

Na Diocese do Algarve iniciaram “uma redistribuição”, que está “em fase experimental”, no ano pastoral 2022-2023, onde passaram das quatro vigararias (conjunto de paróquias) – Faro, Loulé, Portimão e Tavira -, que existiam desde 27 de maio de 2007, para três regiões pastorais: A Região Pastoral do Barlavento, “à zona da Costa Vicentina”, a Região Pastoral do Centro e a Região Pastoral do Sotavento, “junto ao Guadiana, de Faro para lá”.

“E cada região dividimos por centros evangelizadores, para que a partir desses centros, os leigos, conhecendo-se melhor, se possam ajudar também a suprir a falha de algum serviço nas paróquias ou quando falta o pároco, mas alargando ainda mais um serviço, sobretudo da celebração dominical, que queremos que não falte nenhuma paróquia”, desenvolveu.

“E isto está já a dar frutos, ou seja, os leigos envolvidos neste movimento estão a verificar que afinal podem ser muito mais participativos na sua colaboração, na sua intervenção”, destacou D. Manuel Quintas, à margem das jornadas de atualização do clero das quatro dioceses do sul de Portugal (Algarve, Beja, Évora e Setúbal).

Segundo o bispo do Algarve, “não tem sido fácil mudar um bocadinho a maneira de ser, de estar, de fazer, de participar” na própria vida da paróquia porque muitas pessoas “estão habituados a uma atitude mais passiva”, e têm “dificuldade em dar opinião”.

“Opinião sobre propostas, mesmo de ordem pastoral, sobre iniciativas, até para mudar os horários das celebrações das eucaristias, acham que isso ultrapassa a sua maneira de ser, de estar e de participar”, acrescentou, realçando que as pessoas quando “ganham um pouco mais consciência” verificam que é esse o caminho e as que “mesmo as dificuldades, entre o clero e entre as comunidades, são normais e são naturais”.

Foto Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Em declarações à Agência ECCLESIA, o arcebispo coadjutor de Mérida-Badajoz (Espanha), um dos oradores da jornada de formação, onde apresentou dois temas a 77 pessoas – bispos, padres, diáconos e alguns seminaristas –, destacou a importância de “preparar bem os leigos para que assumam a sua responsabilidade de membros ativos da Igreja”.

“Quero convidar os leigos para que ocupem, que façam força, se necessário, para que ocupem o seu lugar na Igreja e quero convidar os padres a que deixem lugar aos leigos na Igreja. O padre não tem porque fazer tudo e não pode fazer tudo. Com o tempo poderemos menos, porque seremos menos e seremos mais idosos”, acrescentou D. José Rodriguez Carballo.

O antigo colaborado do Papa, que foi secretário do Dicastério para a Vida Consagrada (Santa Sé), destacou que este encontro de formação do clero “é uma profecia diante da cultura individualista” que se vive na sociedade.

“Somos Igreja, somos comunidade, a oração mais bonita que temos no cristianismo é o Pai Nosso e está tudo no plural. É uma denúncia contra o individualismo, nós temos que apostar por uma Igreja sinodal, na qual os bispos, os padres, os religiosos, religiosas, e os leigos nos sintamos todos na mesma barca”, explicou o arcebispo franciscano.

OC/CB/PR

 

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