Albânia: Papa recorda história de resistência cristã ao regime comunista

Francisco deixa mensagem de paz e esperança com apelos ao compromisso dos católicos na sociedade

Tirana, 21 set 2014 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje em Tirana a uma Missa com a participação de dezenas de milhares de pessoas, na qual recordou a história de martírio da Igreja e de outras comunidades religiosos sob o regime comunista do século XX.

“Aqueles que tinham medo da verdade e da liberdade tudo fizeram para banir Deus do coração do homem e excluir Cristo e a Igreja da história do vosso país, embora este tenha sido um dos primeiros a receber a luz do Evangelho”, disse Francisco na homilia da celebração, que decorreu na Praça Madre Teresa, onde foi recebido pelo presidente da autarquia local, Lulzim Xhelal Basha, que lhe entregou as chavas da cidade.

A intervenção evocou as décadas de “sofrimentos atrozes e duríssimas perseguições” contra católicos, ortodoxos e muçulmanos.

“Podemos dizer que a Albânia foi uma terra de mártires: muitos bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis leigos pagaram com a vida a sua fidelidade”, observou.

Francisco chegou à praça num automóvel descoberto, após ter feito um primeiro discurso no palácio presidencial, percurso que foi acompanhado por milhares de pessoas e que passou por ruas adornadas com as fotos das vítimas da perseguição religiosa no país.

“Ao longo dos séculos, nem sempre o anúncio da paz, trazido pelos mensageiros de Jesus, era acolhido; às vezes, as portas fecharam-se. Num passado recente, também a porta do vosso país se fechou, cerrada com o cadeado das proibições e prescrições dum sistema que negava Deus e impedia a liberdade religiosa”, assinalou.

O Papa deixou elogios aos testemunhos de “grande coragem e coerência”, em particular dos “muitos cristãos” que não cederam perante as ameaças.

“Em espírito, dirijo-me até junto daquele muro do cemitério de Shkodër, lugar-símbolo do martírio dos católicos onde se efetuavam os fuzilamentos, e, comovido, deponho a flor da oração e de grata e indelével lembrança”, declarou.

Falando a uma multidão que enfrentou momentos de forte chuva, Francisco recordou a Beata Madre Teresa de Calcutá, “uma filha humilde e grande desta terra”, e deixou votos de paz para todos e para o país.

“Que a águia, representada na bandeira do vosso país, vos recorde o sentido da esperança, repondo a vossa confiança sempre em Deus: Ele não desilude mas está sempre ao nosso lado, especialmente nos momentos difíceis”, acrescentou.

O Papa dirigiu-se depois à comunidade católica de um “povo jovem”, para sustentar que cada batizado “tem um lugar e um dever a desempenhar na Igreja e na sociedade”, convidando-os a “reforçar os laços da solidariedade a fim de promover condições de vida mais justas e fraternas para todos”.

“Vim hoje aqui para vos encorajar a fazer crescer a esperança dentro de vós mesmos e ao vosso redor”, revelou.

Francisco concluiu com agradecimentos à Igreja Católica na Albânia pelo seu “exemplo de fidelidade ao Evangelho”, pedindo-lhe que não esqueça os sofrimentos do passado, mas que não procure “vingança”.

“Muitos dos teus filhos e filhas sofreram por Cristo até ao sacrifício da vida. O seu testemunho sustente os vossos passos de hoje e do futuro no caminho do amor, da liberdade, da justiça e, sobretudo, da paz”, desejou.

A homilia, pronunciada em italiano, foi depois traduzida para albanês.

OC

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