Francisco pede mais atenção para dramas da fome, exploração e falta de água potável
Lisboa, 30 nov 2015 (Ecclesia) – O Papa disse hoje em conferência de imprensa que mais do que debater a posição da Igreja sobre o uso do preservativo é preciso discutir as “grandes injustiças” como a fome ou a exploração.
“A desnutrição, a exploração das pessoas, o trabalho escravo, a falta de água potável: estes são os problemas”, defendeu, no voo de regresso a Roma, depois da sua primeira viagem a África, com passagens pelo Quénia, Uganda e República Centro-Africana.
Questionado sobre a necessidade de a Igreja Católica admitir o uso do preservativo, Francisco disse que “a grande ferida é a injustiça social, a injustiça do ambiente, a injustiça da exploração e da desnutrição”.
“A pergunta parece-me demasiado limitada e parcial. Sim, [o preservativo] é um dos métodos e a moral da Igreja depara-se neste ponto com uma perplexidade: é o quinto ou o sexto mandamento? Defender a vida ou que a relação sexual seja aberta à vida? Mas esse não é o problema, o problema é maior”, realçou.
O Papa confessou que prefere evitar discussões “casuísticas” quando vê que “há pessoas a morrer por falta de água, fome” ou por causa das guerras, invocando a passagem do Evangelho em que Jesus era questionado sobre se seria legítimo “curar ao sábado” [dia de descanso da lei judaica].
“Diria à humanidade: fazei justiça e quanto todos estiverem curados, quando não houver injustiça neste mundo, podemos falar do sábado”, prosseguiu.
Francisco falou de África como uma “vítima” das grandes potências, que nunca pensaram em “ajudar os países crescer”.
“A África é mártir da exploração”, advertiu.
OC