Vida Consagrada: «A minha missão é ser irmão destas crianças» – José Luís Carvalho, marista

Consagrado, de 26 anos, está na comunidade do Lar Marista de Ermesinde, trabalhando com «crianças portadoras de deficiência e doenças crónicas»

Porto, 27 jan 2023 (Ecclesia) – José Luis Carvalho, irmão marista, trabalha com “crianças portadoras de deficiência e doenças crónicas” e contou à Agência ECCLESIA que nunca pensou ser consagrado, sentindo-se atualmente como um “peregrino de pé descalço”.

“Esta é uma realidade desconhecida dos Maristas, que nos dedicamos à educação e os colégios são os mais conhecidos, aqui em Ermesinde é um lar de acolhimento, temos 18 crianças, meninos e meninas, que são portadores de deficiência ou com doenças crónicas, e a minha missão é ser irmão deles, partilhar o dia a dia, numa presença simples e educativa”, explica.

A frequentar um mestrado na área de “crianças e jovens em risco”, o jovem religioso descreve que além dos estudos os seus dias são dedicados àquelas crianças.

“Desde o mais prático de momentos de higiene, alimentação e rotinas diárias, ao acompanhamento do estudo, depois também a parte mais técnica de acompanhamento do processo, família, escola e tribunal, como educador”, conta.

O jovem adianta que nunca foi “aluno Marista” e este modo de consagração só o descobriu “através de amigos dos pais” com um convite para as atividades de verão organizadas pelos Maristas.

“Sou proveniente de uma paróquia de Vila Nova de Gaia, andei nos grupos de catequese, grupos de jovens e, através de uns amigos dos meus pais, tive contacto com os Maristas com as atividades de verão”, recorda. 

José Luís Carvalho, de 26 anos, aderiu por “diversão, para conhecer novas pessoas”, descobriu “que se falava de Jesus de forma diferente” e que havia consagrados que se divertiam.

“Conheci uns senhores que estavam lá tão naturalmente e espontâneos entre os jovens, só depois percebi que eram religiosos, o à vontade e o saberem estar em todos os momentos, divertirem-se, estarem nos jogos, nas caminhadas, nas limpezas, na oração e formação, estar com palavra acertada e profundidade, tudo isso me cativou”, explica.

O jovem recorda que depois daquela experiência recebeu o convite para “passar um ano com a comunidade Marista” ao que, “inicialmente agradeceu mas disse que não” porque, aos 14 anos, “tinha outros interesses, amigos, ocupações, jogava futsal” mas o convite deixou-o “inquieto”.

Andei a questionar-me e dei o passo, muito amedrontado, mas com vontade de ir conhecer e foi o primeiro de muitos pequenos passos, de felicidade, de eu próprio me ir experimentando entre os jovens, em grupos e atividades diferentes, perceber que era por ali, que me nutria, que me dá vida e me faz feliz”.

No caminho de conhecimento da vida Marista, José Luís Carvalho recorda o momento de consagração do irmão Fábio, jovem de 31 anos recentemente falecido, e como aquele momento “mexeu” consigo, ao ver “um jovem tão válido entregar a sua vida aos jovens”. 

“Nunca pensei ser consagrado, até conhecer os irmãos Maristas e só surgiu neste ambiente, depois, já na formação partilhei etapas formativas que estavam noutras congregações e dei por mim a perguntar a outra vocação de sacerdote mas fui sentindo que não era a minha”, refere. 

O religioso é irmão Marista há cinco anos e define que “arriscar” é a palavra que define o seu percurso de “passos trémulos” mas que o levaram a uma dimensão nem sempre conhecida na Igreja.

“Sinto que ser irmão é uma vocação desconhecida em muitos ambientes da Igreja, porque  muitas vezes me fazem a pergunta: então quando vai ser sacerdote?”, indica.

Na semana do consagrado, com a temática “peregrinos da esperança”, José Luís Carvalho considera que as crianças com quem trabalha na casa Marista de Ermesinde o “despertam para a esperança todos os dias”.

“São estas crianças com quem trabalho que me despertam para a esperança todos os dias porque têm situações muito complicadas, de saúde, social e familiar, mas com a alegria e espontaneidade deles sinto que juntos construímos esta esperança, somos peregrinos de pé descalço, de tocar bem a realidade como é, com toda a complexidade, mas sem perder esta esperança”, refere. 

A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA deste sábado, pelas 06h00, na Antena 1 da rádio pública, ficando depois disponível online e em podcast

SN

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