Vaticano: Academia Pontifícia das Ciências indica nove propostas para impedir a guerra nuclear

Declaração  pede «fim imediato» da guerra na Ucrânia e a «construção de um sistema de segurança coletiva»

Cidade do Vaticano, 09 abr 2022 (Ecclesia) – O Conselho da Academia Pontifícia das Ciências, da Santa Sé, divulgou esta sexta-feira uma declaração contra a guerra na Ucrânia, alertou para os perigos eminentes de conflitos e aponta nove apelos para uma ação global contra a guerra nuclear.

Para a Academia Pontifícia das Ciências (APC), as nações devem antes de tudo garantir que “a força ou a ameaça da força não serão usadas contra a integridade territorial ou a independência política de outro Estado”.

No documento assinado pelo presidente da Academia Pontifícia das Ciências, Joachim von Braun, o chanceler, D. Marcelo Sánchez Sorondo, o presidente emérito vitalício desta academia, o microbiologista Werner Arber, e outros sete académicos da APC, rejeita-se o “uso da força como método de resolução de conflitos internacionais” porque implica o risco de “escalada de confrontos militares”, nomeadamente “guerras nucleares, químicas e biológicas”.

Garantir o “abrigo e proteção” para os refugiados que fogem das guerras, evitar “a proliferação de armas nucleares” noutros países por causa do risco da guerra e do “terrorismo nuclear” e “nunca ser o primeiro” a usar esse armamento são outros apelos dirigidos a todas as nações.

A APC alerta para a necessidade de “formas e meios mais eficazes” para prevenir propagação de armas nucleares, afirma que os países com mais armamento nuclear “têm uma obrigação especial” de dar o exemplo na sua redução e de criar um clima que leve à não proliferação.

Nesta declaração, os académicos pedem que se evitem “utilizações pacíficas da energia nuclear”, por causa do perigo de conduzirem à proliferação de armas nucleares, e que se tomem “todas as medidas práticas que reduzam a possibilidade de guerra nuclear por acidente, erro de cálculo ou ação irracional”.

“O nosso objetivo deve ser a construção de um sistema de segurança coletiva onde as armas nucleares não tenham lugar”, conclui a declaração da APC, alertando para a necessidade de “continuar a observar os acordos existentes de limitação de armas, procurando negociar acordos mais amplos e eficazes”.

Ao académicos da APC concluem a declaração com quatro apelos contra a guerra na Ucrânia, dirigido antes de tudo aos líderes nacionais, pedindo que tomem a iniciativa de “pôr fim imediatamente” ao conflito e iniciem “uma resolução pacífica” que rejeite o “conflito militar como forma de resolver os litígios”.

Dirigindo-se aos cientistas, o documento pede que usem “a sua criatividade” para melhorar a vida humana e “o seu engenho na exploração de meios para evitar a guerra”, desenvolvendo “métodos práticos de controlo de armas, especialmente armas nucleares”.

Aos “líderes religiosos e outros guardiães de princípios morais”, a APC pede que continuem a “proclamar com força e persistência as graves questões humanas em jogo” e a comprometer as várias comunidades religiosas na construção da paz.

A Academia Pontifícia das Ciências pede a todas as pessoas que continuem a reafirmar a sua “fé no destino da humanidade”, a “insistir que evitar a guerra é uma responsabilidade comum, combater a crença de que as guerras são inevitáveis, e trabalhar incessantemente para assegurar o futuro das próximas gerações”.

“Evitar guerras e alcançar uma paz duradoura requer não só a força da inteligência, do conhecimento e da ciência, mas também da boa vontade impulsionada pelo amor e pela justiça, virtudes éticas, bons costumes, responsabilidade, valores e convicções”, conclui o documento.

Os apelos da declaração do Conselho da Academia Pontifícia das Ciências são antecedidos de uma apresentação do contexto mundial, onde se alerta para a crescente “desconfiança” entre as nações e para a “rutura do diálogo sério” entre as várias geografias do mundo, as “grave desigualdades” e as “ambições nacionalistas ou partidárias” que são “sementes de conflito” e o “escândalo da pobreza” que se está a transformar numa “ameaça crescente à paz”.

PR

 

 

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