Francisco apela a diálogo entre religiões e culturas, em favor da paz
Cidade do Vaticano, 25 nov 2024 (Ecclesia) – O Papa denunciou hoje a “violência e sofrimento” na Terra Santa, ao receber no Vaticano uma delegação do Conselho Universal da Paz.
“Elogio a vossa dedicação à causa da paz na Terra Santa, uma terra que testemunhou tanta violência e sofrimento ao longo dos séculos. Infelizmente, os nossos dias não são diferentes e, há mais de um ano, as nuvens negras do conflito voltaram a envolver a região do mundo que o Senhor chama lar”, referiu, numa intervenção divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.
Francisco saudou a presença de uma delegação composta por jovens de diferentes origens e religiões.
“Esse é um sinal claro de que o desejo de paz está enraizado no coração humano e que é capaz de trazer unidade na diversidade”, observou.
O Papa disse que o mundo precisa dos jovens para promover o “idealismo, entusiasmo e esperança” em favor da paz.
“É muito fácil ficar desanimado quando vemos os efeitos devastadores da guerra e do ódio, sem mencionar a pobreza, a fome, a discriminação e várias outras realidades que ameaçam a perspetiva de paz. Essas realidades são o resultado de guerras”, denunciou.
Somos todos irmãos e irmãs e os esforços para promover a reconciliação, a harmonia e a paz valerão sempre o nosso tempo e os nossos esforços”.
Também hoje, o Papa participou numa cerimónia comemorativa do 40.º aniversário do Tratado de Paz e Amizade entre a Argentina e o Chile, que pôs fim à “longa disputa territorial entre os dois países”.
“A este respeito, não posso deixar de referir os numerosos conflitos armados em curso, que ainda não podem ser extintos, apesar de representarem lacerações extremamente dolorosas para os países em conflito e para toda a família humana”, indicou.
Francisco denunciou a “hipocrisia de falar de paz e brincar às guerras”.
“Deus queira que a comunidade internacional deixe prevalecer a força do direito através do diálogo, porque o diálogo deve ser a alma da comunidade internacional. Refiro apenas dois fracassos da humanidade atual: a Ucrânia e a Palestina, onde há sofrimento, onde a arrogância do invasor prevalece sobre o diálogo”, elencou.
Ainda esta manhã, o Papa recebeu a Delegação Internacional Jainista, religião hindu, num encontro promovido pelo Dicastério para o Diálogo Inter-religioso.
Francisco começou por pedir orações pelo prefeito desse organismo, o cardeal Ayuso, “com a saúde muito debilitada”.
A intervenção destacou o compromisso conjunto de procurar forma de “cuidar da terra, dos pobres e dos mais vulneráveis na sociedade”.
“Grande parte dos problemas que afligem a sociedade hoje devem-se ao individualismo e à indiferença, que levam muitas pessoas a desconsiderar a dignidade e os direitos do próximo, principalmente em contextos multiculturais”, advertiu o Papa.
OC