Francisco alerta para tentação de «voltar atrás» na Igreja Católica
Cidade do Vaticano, 01 jun 2022 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje no Vaticano à construção de um “novo humanismo”, falando aos participantes do Congresso ‘Linhas de desenvolvimento do Pacto Educativo Global’.
“O antigo e o novo fundem-se na composição do novo humanismo. Contra isto, há a moda – em todos os séculos, mas neste século na vida da Igreja vejo-a como muito perigosa – que, em vez de tirar das raízes para seguir em frente, faz ‘marcha-atrás’, recua”, assinalou, numa intervenção divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.
Francisco questionou esta tentação de recuo, que leva a uma mentalidade de “seita”, que “tira os horizontes”.
“Dizem-se guardiões das tradições, mas das tradições de morte”, advertiu.
O Papa mostrou-se satisfeito pelo alcance da sua proposta, lançada em 2019, de um Pacto Educativo Global, abordando “a dignidade da pessoa e os direitos humanos, a fraternidade e a cooperação, a tecnologia e a ecologia integral, a paz e a cidadania, as culturas e as religiões”.
O discurso sublinhou a importância de “educar para as crises”, permitindo que estas abram “novos caminhos”.
Francisco reforçou os seus alertas contra a “cultura do descarte”, uma mentalidade que passou dos produtos de consumo para as relações humanas.
“Os educadores são chamados a valorizar o passado e a acompanhar os jovens rumo ao futuro”, acrescentou.
O Papa afirmou ainda que “calar a verdade sobre Deus, por respeito a quem não crê, seria como queimar livros por respeito a quem não pensa, apagar obras de arte por respeito a quem não vê, ou a música por respeito a quem não ouve”.
“Caros amigos, neste nosso tempo, em que o tecnicismo e o consumismo tendem a tornar-nos utilizadores e consumidores, a crise pode tornar-se um momento propício para evangelizar mais uma vez o sentido do homem, da vida, do mundo; recuperar a centralidade da pessoa como criatura que, em Cristo, é imagem e semelhança do Criador”, apontou.
OC